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Yêda Schmaltz: Ba (lza) quianas Brasileiras

*

Pertenço
a uma raça ameaçada
de mulheres
de outra geração
e o que nos une
é a fraternidade
da desgraça.


 


Poetas filhas de Caim
(que teve um pai
desaforado
e sectário)


 


Fomos tecendo
inúteis mortalhas
com bordados turcos
e pontos russos
para enfeitar os nossos espantalhos.


 


Uma raça de poetas
brasileiras
sem editora e sem fama
(até sem cama),
uma tonteira,


 


Uma raça amordaçada
de mulheres
quarentonas
nascidas em
mil novecentos e Pearl Habor
como Kátia e Astrid e tantas,
e Lourdes hortas que plantamos,
mas ficamos no interstício,
no intervalo sem ter,
só desejando.


 


Safo
entre as suas companheiras de poesia
preparando, no interstício,
a nova
Safra.


 


Yêda Schmaltz – Baco e Anas Brasileiras
Editora achiamé