Impasse faz Abbas convocar novas eleições palestinas

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou neste sábado (9/12) que pretende convocar eleições antecipadas para pôr um fim ao impasse político com o governo liderado pelo Hamas. Abbas não descartou, no entanto, a possibilidade de

Abbas anunciou sua decisão depois de um encontro com o comitê executivo da OLP, e deverá fazer um discurso formal à nação palestina na próxima semana. “Ao final do discurso, ele irá anunciar que teremos eleições presidenciais e legislativas antecipadas, mas manterá portas abertas” para a formação de um governo de unidade nacional com o Hamas, disse um dos membros do comitê, Khalida Jarar.


 


O Hamas condenou a decisão de Abbas e afirmou que o presidente da ANP não tem autoridade para convocar novas eleições. “A OLP neste momento não é qualificada para decidir em nenhuma questão palestina porque os membros do comitê executivo representam apenas eles mesmos”, disse Ahmed Yousef, auxiliar do premiê palestino, Ismail Haniyeh.


 


Bloqueio criminoso


 


Desde que o Hamas assumiu o governo, em março — após vencer as eleições em janeiro deste ano —, vários países encabeçados pelos EUA e Israel iniciaram um bloqueio financeiro contra o governo palestino, alegando que a ação serviria para o Hamas “recuar” na sua posição de discutir a aceitação da existência de Israel somente quando os ocupantes israelenses retornasse suas tropas paras as fronteiras estabelecidas em 1967.


 


A crise financeira palestina, causada não só pelo boicote de ajuda de governos ocidentais mas também, principalmente, pela interrupção do repasse de valores arrecadados em impostos por parte de Israel, levou a comunidade palestina ao caos, com a desintegração quase que total do sistema educacional e de saúde.


 


Governo de unidade


 


A tentativa de formar um governo de unidade entre Fatá e Hamas poderia colocar um fim ao bloqueio. As negociações, no entanto, não avançam devido principalmente a discordâncias quanto à divisão do gabinete e ao reconhecimento de Israel.


 


O bloqueio financeiro deixou o governo palestino incapaz de pagar salários integrais a mais de 165 mil trabalhadores. Nesta sábado, cerca de 2.500 policiais palestinos que não recebem há meses invadiram o Parlamento da Cidade de Gaza durante uma manifestação exigindo pagamento. Um segurança ficou ferido em uma troca de tiros com os manifestantes.


 


Em Hebron, na Cisjordânia, dezenas de pais com crianças no colo invadiram uma clínica médica. Também na Cisjordânia, na cidade de Jenin, outros 4.000 membros das forças de segurança palestinas marcharam em protesto para exigir o fim do bloqueio.


 


Participantes da reunião com Abbas e a OLP neste sábado afirmaram que ainda não foi fixado um prazo para as novas eleições. Segundo autoridades palestinas, a votação poderá ocorrer em quatro ou cinco meses, se um governo de unidade nacional não for formado até lá. O atual Parlamento e o gabinete de governo continuariam no poder até lá.