Russos, ucranianos e belarussos lamentam colapso da URSS

A maior parte dos habitantes da Rússia, Belarus e Ucrânia lamentam o colapso da União Soviética, ocorrido há quinze anos, de acordo com uma pesquisa dirigida pela agência de pesquisas Eurasian Monitor International e revelada nesta quinta-feira (7/12)

Reunidos na cidade de Minsk, então capital da República Soviética Socialista da Bielorússia, em 8 de dezembro de 1991, os líderes da Rússia, Ucrânia e Bielorússia declararam que, ''devido à profunda crise instalada na União Soviética, o país deixa de existir a partir desse momento''.


 


O golpe, aplicado contra a vontade da maioria da população, desobedeceu o plebiscito conduzido pelo governo soviético em abril de 1991, que decidira a permanência da União, a despeito da separação de algumas repúblicas. O resultado geral do plebiscito apontou que 74% dos soviéticos desejavam a continuidade da União. Na Rússia, o resultado chegou a 96% pelo ''Sim'' à permanência da URSS.


 


Os líderes, então, assinaram um tratado formalizando a Comunidade de Estados Independentes, que mais tarde foi integrada por outras repúblicas que se separaram da URSS. Da CEI fizeram parte 11 repúblicas, sendo que os três países do Báltico (Letônia, Estônia e Lituânia) e a Geórgia não aceitaram o tratado.


 


A recente pesquisa revela que a maioria dos pesquisados que lamentam o fim da União Soviética vivem na Rússia, totalizando 68% da população, enquanto na Ucrânia a parcela é de 59% e na Belarus, 52%.


 


Entre 44% e 47% dos pesquisados disseram que teria sido possível evitar o colapso, mas a maioria concorda que a União não pode mais ser restaurada, com 68% dos que sustentam essa tese habitando a Rússia, 71% a Ucrânia e 76% a Belarus.


 


A maioria dos entrevistados russos acredita que a unificação de seu país com a Belarus, Ucrânia ou Cazaquistão é possível. Já 64% dos belarussos foram favoráveis a uma união com a Rússia, 30% com a Ucrânia e 23% com a União Européia. Os ucranianos se dividiram de forma quase idêntica aos belarussos.


 


Para o líder do Partido Comunista da Federação Russa (PCFR), Genady Ziuganov, o complô de Beloviéjskaia Puchtcha foi o ''maior crime contra os povos da União Soviética e a estabilidade no mundo todo. Para satisfazer suas desmedidas ambições pessoais e conservar seus cargos de presidente, o trio despedaçou o país'', comentou o dirigente comunista.


 


O diretor da fundação Política Eficaz, Gleb Pavlovski, disse hoje que os acordos de Beloviéjskaia Puchtcha devem ser vistos como ''uma das maiores decisões políticas extremistas globais da história''. Esses acordos ''quebraram a ordem mundial de tal modo'' que até hoje não se sabe se a humanidade poderá evitar uma ''série de grandes guerras'', afirmou Pavlovski.


 


''Foi um ato de violência contra a vontade de mais de 200 milhões de pessoas, que se transformou em exemplo para todos, inclusive para as forças extremistas'', acrescentou.


 


A pesquisa foi realizada durante o mês de novembro na Rússia pelo Centro de Pesquisa Pública de Todas as Rússias (com 1.600 entrevistados), na Belarus pelo Laboratório Social Novak (1.107 entrevistados) e na Ucrânia pelo Grupo de Pesquisa e Marcas (2.215 entrevistados).