
Venezuela: EUA apoiaram opositores violentos, denuncia jornalista
“O governo dos Estados Unidos apoiou os opositores violentos desde o começo – com dinheiro e apoio polÃtico”. A denúncia foi feita pela jornalista e advogada venezuelano-americana, Eva Golinger em entrevista ao cientista social Juan Manuel Karg para o jornal argentino El Tiempo. Para ela, os jovens estudantes que participam das marchas da oposição, não lutam por mais direitos para o povo e sim “para tomar o poder do povo para empresas e pessoas de dinheiro”.
"[A oposição só concorda em seu desejo de derrubar o chavismo e agora o governo de Nicolás Maduro. Mas daà a apresentar alguma alternativa ou maneira de fazê-lo em que todos estejam de acordo, eles nunca fizeram em 15 anos”| Foto: Efe
Eva tem se dedicado nos últimos anos a estudar a ingerência estadunidense na Venezuela e em outros paÃses da América Latina. Para ela, os ocorridos no paÃs caribenho desde o dia 12 de fevereiro têm grandes semelhanças com 2012 quando o ex-presidente Hugo Chávez vivenciou um golpe mal sucedido. Na ocasião, “houve uma condenação imediata do governo estadunidense contra o governo Chávez baseada na mentira e logo reconheceram o governo golpista”, lembrou.
Participação dos EUA
“Realmente, Washington havia apoiado o golpe [de 2002] desde o começo, inclusive financiando grupos envolvidos e os respaldando com equipes militares e estratégias polÃticas e de comunicação. Agora acontece algo semelhante com os meios de comunicação privados na Venezuela e os internacionais, que estão mentindo sobre os responsáveis pela violência e dizendo que o governo de Nicolás Maduro é o culpado, quando na realidade são os manifestantes opositores que estão provocando a violência”, esclareceu.
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A jornalista pontuou que nas manifestações de 12 de fevereiro morreram três pessoas entre opositores e chavistas: “autoridades venezuelanas afirmaram que a mesma arma foi usada para matar dois destes jovens – um de oposição e um chavista. Então isso abre a possibilidade de que tenha sido um francoatirador ou um infiltrado preparado para matar as pessoas dos dois lados, de modo a provocar mais violência – uns contra os outros”.
Ainda sobre a participação dos EUA em questões internas do paÃs, ponderou: “O governo dos Estados Unidos tem apoiado a oposição violenta desde o inÃcio – com dinheiro e apoio polÃtico —. O Departamento de Estado já emitiu declarações ‘condenando’ a suposta repressão do governo venezuelano contra manifestantes e exortando que ‘respeitem os direitos humanos’. Nada poderia ser mais hipócrita porque, nos EUA jamais permitiriam manifestações tão violentas como as que estão sendo feitas por opositores na Venezuela, bloqueando estradas, destruindo prédios públicos, queimando pneus e lixo nas ruas, atirando bombas molotov”.
A mesma direita
A autora do livro O Código Chávez e a Agressão Permanente lembrou que o lÃder da oposição Leopoldo López esteve envolvido no golpe contra Chávez, quando era prefeito de Chacao, em Caracas. “Hoje, ele e outra lÃder da extrema-direita, Maria Corina Machado – que também estava no golpe de Estado em 2002 e assinou o decreto do ditador Pedro Carmona, que dissolveu todas as instituições democráticas do paÃs são os responsáveis pela violência atual”.
“Eles estão há meses dizendo publicamente que a saÃda do governo não é ‘eleitoral’ . A grande diferença entre 2002 e hoje na Venezuela são os protagonistas dos fatos: hoje são grupos de jovens e estudantes, enquanto que em 2002 foram os mesmos polÃticos que estiveram no poder antes. Claro, os jovens opositores são principalmente de classe média e alta. Sua luta não é para os direitos dos povos; é para tomar o poder do povo para empresas e pessoas de dinheiro. E muitos deles são parte de organizações que receberam centenas de milhares de dólares em financiamento de agências de Washington nos últimos sete anos, com a intenção de treiná-los e formá-los nas táticas e estratégias de desestabilização para derrubar o governo e instalar um favorável aos interesses dos EUA”.
Ela observa ainda que nunca houve unidade entre a oposição que apoiou Henrique Capriles como candidato à presidência nas duas últimas eleições. “Eles não são um partido único, nem compartilham a mesma ideologia como o caso do chavismo. Na oposição há mais de 20 partidos, organizações e grupos diferentes que têm suas próprias agendas. Eles só concordaram em seu desejo de derrubar o chavismo e agora o governo de Nicolás Maduro. Mas daà a apresentar alguma alternativa ou maneira de fazê-lo em que todos estejam de acordo, eles nunca fizeram em 15 anos”.
Integração regional
Questionada sobre a importância da integração regional no respaldo aos governos progressistas, Eva Golinger avaliou que " sem dúvida a união, a força e a soberania que existe hoje na América Latina, graças aos esforços e a liderança do presidente Hugo Chávez, serve como o principal defensor e protetor dos governos democráticos na região. As manifestações de solidariedade e apoio de paÃses vizinhos da região para com o governo Maduro evidenciam esta força. E não é a primeira vez que a união e a solidariedade regional impedem um golpe de Estado na região contra um governo progressista: aconteceu na BolÃvia em 2008 e no Equador em 2010. Agora, o apoio à Venezuela demonstra que a região não aceitará outro golpe ou ruptura constitucional contra um governo democrático, e isso é muito importante".
Da redação do Portal Vermelho,
Vanessa Martina Silva, com informações de El Tiempo