MA: A candidata está derretendo

O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro, ex-presidente do PT/São Luís, volta a criticar a candidatura de Roseana Sarney em seu artigo semanal para o Jornal Pequeno. Veja.

(Joãozinho Ribeiro)
No meu último artigo, abordei a necessidade da Operação Mãos Limpas, desencadeada pela Polícia Federal no Amapá, ser estendida até o Maranhão, face a derrama anunciada de dinheiro destinada para compra de votos, visando a eleição da candidata filha do oligarca, que esconde em todas as peças de propaganda eleitoral o próprio nome de família e do pai – Sarney – como se fosse possível se desvencilhar, a estas alturas, de um passado cujas impressões digitais encontram-se impregnadas nas tenebrosas páginas da história da corrupção e do atraso do nosso sofrido Estado.
A situação que se configura, após a divulgação das últimas pesquisas de intenções de voto na última sexta-feira para o Governo do Maranhão e da divulgação da situação da cidade de Pinheiro no Jornal Nacional, da Globo, devem estar causando verdadeiro pânico e desespero para os atuais invasores do Palácio dos Leões, ainda que estejam longe da realidade que todos nós conhecemos.
A existência do 2º turno já é uma possibilidade inevitável, à vista, e os primeiros sinais de naufrágio dão conta de vários marinheiros (ou ratos) querendo mudar de embarcação, como sempre foi de praxe na cultura política implantada pela própria oligarquia nos territórios maranhenses. Não vai demorar muito para que o “salve-se quem puder” se transforme em palavra de ordem e as vacas passem a desconhecer os seus bezerros, como nos ensina a sabedoria da linguagem popular nordestina.
De nada adiantou o aparato descomunal colocado a disposição da candidata Roseana Sarney, constituído pela coligação de 16 partidos; de inserções de apoio da Dilma e do Lula, veiculadas de manhã, de tarde, de noite e de madrugada, no rádio e na televisão; de um exército de moças e rapazes arregimentados nas comunidades mais pobres de São Luís, pagos para carregar nos ombros cartazes e bandeiras da candidata da oligarquia, debaixo de um sol a pino, sem nenhuma identidade com as suas vidas miseráveis.
E por falar em bandeiras, a do PT continua tremulando firme nas carreatas do candidato Flávio Dino, carreando a brava militância do partido para as ruas, indignada com o golpe aplicado pela direção nacional, contra a decisão do Encontro Estadual do PT/Ma, que decidira, acertadamente, pela aliança com o PC do B e com o PSB, apoiando a candidatura do Flávio Dino, 65.
A realidade, de acordo com o que nos ensinava o velho filósofo barbudo comunista, parece exigir a idéia; e o momento, por sua vez, exibe fatos exuberantes, que demonstram claramente que a candidatura da oligarquia começa a se desmanchar, feito picolé, conforme o título de um dos livros de um dos maiores desafetos da família Sarney, Palmério Dória (Honoráveis Bandidos) – “A candidata que virou picolé”.
Nem mesmo os velhos clichês do passado, embrulhados pra presente pela fantasia marqueteira e milionária do mago Duda Mendonça, parecem gerar o efeito contratado. A repetitiva apresentação da candidata como mulher guerreira se desfaz ao primeiro toque de realidade. Ela desmanchou vários debates que estavam previstos acontecerem na Rede TV, Bandeirantes, SBT e na Rádio Universidade FM. Que mulher guerreira é essa que foge dos debates, como o diabo da cruz?
Não pode ser guerreira uma candidata desse tipo: sem propostas, sem plano de governo, sem programa, que se escuda todo tempo no que a “Dilma vai fazer” e no “apoio do presidente Lula”. Fraca e despreparada, não resiste ao confronto direto com qualquer dos candidatos que disputam a eleição para governador do Estado do Maranhão, e que, sem sombra de dúvidas, com raras exceções, apresentam plataformas de governança e questionamentos contundentes sobre o modus operandis da família Sarney; com destaque especial para o programa do PSTU, impecável, combativo e propositivo, dentro das limitações de tempo e espaço que a propaganda eleitoral gratuita oferece.
Guerreira jamais poderia ser uma mulher candidata fujona, que se esquiva dos debates e corre pra debaixo da saia da popularidade da Dilma e do Lula e que, deliberadamente, omite até o nome da própria família, envergonhada pela situação do Amapá e de tantas outras acusações criminosas em que a sua família se encontra envolvida, e que sequer, até agora, foram alvo da disputa eleitoral.
Guerreira são pessoas, como dizia o poeta/compositor, Gonzaguinha, que pela sua honra, “se morrem, se matam”, e mais: sem volta e sem trabalho – “não dá pra ser feliz!”, não dá pra ser feliz!”, “não dá pra ser feliz!”, com a Roseana Sarney insistindo em obter um quarto mandato.
Um mandato já incomodou muita gente; quatro, incomodará muito mais!
Joãozinho Ribeiro
poeta/compositor