Os ataques do PCC e os erros do PSDB

Em meados de maio passado, o crime organizado desencadeou uma onda de violência que aterrorizou os habitantes de São Paulo. Na ocasião, o temido Primeiro Comando da Capital (PCC) liderou rebeliões em 82 unidades prisionais e realizou 299 ataques no Estado, incluindo incêndios a ônibus, agências bancárias e repartições públicas. O saldo final daquela barbárie foi a morte de 42 agentes policiais e de quatro civis. Na seqüência, as forças de repressão desencadearam uma operação macabra, tipo “olho por olho”, que resultou no assassinato de mais de 126 civis, a maioria de trabalhadores e desempregados jovens e negros.
Passado o vendaval, Geraldo Alckmin, que havia se fingido de morto e nem havia telefonado para o atual governador, voltou a se jactar da sua “eficiência gerencial” para anunciar o fim dos ataques. Já o incompetente e truculento Saulo Queiroz, mantido a contragosto no cargo de secretário da segurança, compareceu com a sua claque numa audiência na Assembléia Legislativa para tentar justificar a violência como única forma de combate aos criminosos. Pousou de herói e garantiu que a tormenta havia terminado. Pura pretensão. Desde quarta-feira, São Paulo vive novamente um clima de pânico. Até a madrugada de hoje (13), já foram queimados 44 ônibus e vários prédios públicos e particulares, seis pessoas foram mortas e outras cinco, feridas. 
Já na crise de maio, o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi, advertiu que “o crime organizado não pode ser tolerado como uma espécie de Estado dentro do Estado. Não cabem disputam menores num contexto tão dramático. Governo federal e governo estadual devem se dar as mãos, trocar informações, estabelecer comunicação permanente e enfrentar em plena unidade o inimigo comum. A única resposta eficaz – ninguém deve duvidar – será aquela embasada no pleno respeito à lei, com inteligência policial e estreita articulação entre as policiais locais e todos os organismos federais… Cruzadas propondo o ‘olho por olho’ não podem ser alimentadas”.
Mas este caminho, mais sensato, humano e inteligente, nunca foi o perseguido pelo PSDB nos seus doze anos de reinado em São Paulo. Aqui sempre prevaleceu a lógica da truculência e do total menosprezo aos investimentos nas áreas sociais. Desde a crise de maio, as forças de segurança chefiadas pelo brutamonte Saulo Queiroz pouco investiram no setor de inteligência e na reformatação do sistema prisional, que hoje é o quartel-general do crime nas ruas. Pelo contrário. O governo manteve a linha da repressão arbitrária. Mais de 70% das vítimas de maio foram executadas a sangue frio, segundo o perito Ricardo Molina. Essa lógica é que dá brechas para que o crime organizado tente capitalizar os maus tratos nos presídios – como expressa o cartaz distribuído nestes dias exige “o fim da repressão carcerária”.