Ideias transformadoras para conduzir grandes mudanças

Por decisão do Foro de São Paulo, o Partido dos Trabalhadores e o Partido Comunista do Brasil realizam a partir desta quinta-feira (30) até o sábado, 2 de julho, no Rio de Janeiro, o seminário "Governos de esquerda e progressistas na América Latina e no Caribe: balanço e perspectivas", sob os auspícios da Universidade Federal do Rio de Janeiro e das fundações dos dois partidos, a Perseu Abramo (PT) e Maurício Grabois (PCdoB).

O seminário conta com a presença de conferencistas que representam o amplo espectro de forças de esquerda da região.

Uma iniciativa oportuna, destinada a preencher importante lacuna na ação das forças políticas da esquerda brasileira e latino-americana. Estas forças têm atuado juntas em atividades pontuais e esparsas, nos movimentos sociais, em atos eleitorais e nas instituições dos governos progressistas, muito mais premidas pelas exigências do cotidiano do que por definições coerentes e articuladas de programas baseados em conceitos e ideologias.

Nada é mais importante nos dias de hoje para as forças de esquerda, pensando no futuro, do que ativar a inteligência coletiva e buscar, à base do rigor teórico e do entendimento de que a unidade tem sentido estratégico, definições programáticas que as situem na história à altura dos desafios da transformação política e social.

A conquista de governos progressistas é um avanço histórico de imensas dimensões. Mas o reducionismo das formulações e iniciativas das forças de esquerda, no seio desses governos, ao dia a dia, ao pragmatismo e ao exercício de funções meramente administrativas ou politicamente limitadas ao horizonte dos carreirismos individuais que nada ficam a dever aos seus homólogos da direita, têm um poder extremamente corrosivo.

Essa deriva pode transformar essas forças em novos partidos da ordem, em forças amorfas, incapazes de enfrentar o conservadorismo e a ideologia das classes dominantes e do imperialismo.

O seminário do Foro de São Paulo tem muito a dar nesse sentido. Ideias de esquerda, transformadoras, revolucionárias, quando confrontadas umas com as outras e testadas no calor da práxis, podem transformar-se numa força material a serviço de um projeto coletivo voltado para efetivas mudanças políticas, econômicas e sociais, indispensáveis para fazer da época contemporânea uma era efetivamente diferente da que nos precedeu.

Este é um ponto de partida incontornável para impulsionar a unidade das forças de esquerda, em torno de um programa político com apelos concretos e mobilizadores e uma visão estratégica voltada para a conquista do poder político pelos trabalhadores e seus aliados e para a construção da nova sociedade.

O sistema capitalista-imperialista está a braços com uma crise inaudita quanto à sua amplitude, extensão e profundidade. Por decorrência, a luta de classe dos trabalhadores desponta e tende a ser um fator de peso na conjuntura atual. Os acontecimentos na Grécia são disso uma aguda e significativa demonstração.

Por outro lado, a agressividade do imperialismo na Líbia, no Oriente Médio, na Ásia Central põem em evidência a indispensabilidade da luta contra a guerra imperialista, a militarização e o intervencionismo hostil aos povos e à soberania nacional. Construir uma esquerda anti-imperialista e exercer o anti-imperialismo a partir das posições que essa esquerda ocupa nos governos progressistas latino-americanos é um desafio da hora presente.

Formulações maduras, que tenham por essência ideias capazes de plasmar programas anti-imperialistas e de oposição aos planos e à ofensiva da grande burguesia monopolista e financeira internacional são o esperado antídoto às ideias caducas da conciliação de classe e da adaptação ao status quo.