Dia 6: começa oficialmente o confronto

Pelo calendário da justiça eleitoral, oficialmente, o confronto político-eleitoral de outubro começa neste seis de julho. "Oficialmente", porque bem se sabe que desde maio do ano passado, a oposição neoliberal já o havia deflagrado. Embora se veja na "fotografia" deste seis de julho, Lula bem à frente de Alckmin, pela violência política a que o conservadorismo recorreu desde sempre, se antevê uma sucessão bruta e difícil. A direita, auxiliada pelo o esquerdismo útil, seguirá recorrendo a tudo  para tentar retornar ao governo da República.

 

É claro que é importante ressaltar, o largo apoio conquistado por Lula e pelo seu governo junto ao povo. De igual modo, sublinhar, a competitividade de sua candidatura e a possibilidade real de vitória. Poder-se-ia— pelos números das pesquisas— elevá-la à categoria de favorita. Mas, tanto no futebol quanto na política a condição de  favoritismo, se erroneamente manejada, é  mais uma arma do adversário do que um  trunfo.

 

Na esfera das alianças, entre erros e acertos, mesmo que a "obra" ainda esteja inconclusa, pode-se dizer que entre acordos formais e informais a candidatura de Lula está comparativamente a 2002, mais alicerçada. Além do respaldo da esquerda (PT, PCdoB, PSB), tem o apoio de uma parte grande do centro do espectro político representado pelo PMDB e outras legendas. Além do apoio desse arco partidário, a reeleição de Lula conta com a maioria do movimento social organizado. Este movimento tem uma militância com influência política e capacidade para arregimentar muita gente para a campanha.

 

O que ainda está por delinear é a mensagem política e o programa da campanha de Lula. Espera-se para até o final de julho a divulgação dessa mensagem e desse programa. Até agora, muito tem se ressalto, corretamente, as realizações do atual governo, sobretudo, comparando o seu resultado positivo com o desastre que foi o reinado de FHC.  Sem dúvidas, trata-se de um dos grandes trunfos da campanha de Lula. Tanto é assim que tanto FHC quanto Alckmin tentam escapar disso. O primeiro diz que é preciso olhar para frente e o segundo a máxima defesa que consegue fazer é a claudicante declaração de que não tem vergonha do reinado tucano.

 

Mas, o imprescindível para uma reeleição não é por mais importante que seja uma boa prestação de contas. O imprescindível é a perspectiva, o que vem pela frente. Com a experiência adquirida, assimiladas as lições dos erros, saneada, no essencial, a herança maldita, e, sobretudo, tendo por base as frutíferas realizações do primeiro mandato, o que a Nação pode esperar de um segundo mandato? E Lula é candidato de quem?

 

O candidato do PSDB cujo reinado condenou o país a um crescimento medíocre e levou às finanças do Estado à beira do colapso, sabendo das aspirações da Nação ao desenvolvimento, tem a desfaçatez de prometer que caso eleito o país terá "um crescimento chinês."

 

A campanha de reeleição de Lula deve, por que tem legitimidade para isso, se colocar à frente dessa aspiração, desse sonho plausível dos brasileiros de construírem país desenvolvido, soberano, democrático e cuja riqueza produzida seja canalizada para melhorar a qualidade de vida do povo. Além disso e para isso, integrado de modo solidário com os países latino-americanos. Tendo esse projeto como bandeira principal, a candidatura de Lula se qualifica para ser o candidato da maioria da Nação, da ampla maioria do povo.