Ao reconhecer a Palestina, o Brasil indica o caminho da paz

Os governos dos EUA e de Israel não gostaram da decisão do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, anunciada no dia 3, de reconhecer o Estado Palestino nas fronteiras que tinha antes da Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967. E a decisão anunciada dia 6, pelos governos da Argentina e do Uruguai de seguir a decisão brasileira mostra que os algozes dos palestinos têm o que temer pois ela pode levar outros países a seguirem o mesmo caminho do reconhecimento diplomático do Estado Palestino, criando ainda mais obstáculos políticos contra o expansionismo sionista e a selvagem agressão aos palestinos, promovida com total apoio do governo de Washington e de outras potências ocidentais.

Brasil e Argentina são os primeiros países ocidentais a se juntarem às mais de cem nações árabes, asiáticas, africanas e do leste europeu que reconhecem o Estado palestino (o Uruguai anunciou a formalização do reconhecimento em 2011).

Está aberto o caminho ao reconhecimento, indicam as decisões brasileira, argentina e uruguaia. Este é o temor de norte-americanos e sionistas, pois elas podem acentuar o isolamento internacional de Israel, a condenação de sua política unilateral e agressiva, e pode também criar novas dificuldades diplomáticas que podem se transformar em obstáculos ao apoio decisivo da diplomacia dirigida por Hillary Clinton às ações de Israel.

A hipocrisia americano-israelense acusa os palestinos de não aceitarem negociar, mas a história das últimas décadas demonstra, com clareza, a política genocida conduzida por Tel Aviv contra os palestinos, sua recusa – com apoio de Washington – em reconecer a legitimidade das exigências dos palestinos, seu empenho na agressão militar, sua ênfase na anexação de parcelas do território palestino vitais para a sobrevivência e a prosperidade dos habitantes da Faixa de Gaza, da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental.

Não há negociação possível sob a mira de tanques, de bombardeiros aéreos, de postos de controle, à sombra ameaçadora do muro que separa as populações palestinas de suas fontes de água e de colinas férteis que cultivam há séculos – esta é a mensagem da diplomacia brasileira e de seus parceiros argentinos e uruguaios.

O reconhecimento do Estado Palestino anunciado por Brasília, Buenos Aires e Montevidéu pode abrir nova e pacífica etapa no Oriente Médio. Ele ressalta o papel mundial a que a diplomacia brasileira se atribuiu: a defesa da paz e do entendimento entre os povos. Os militaristas e seus aliados vociferam pois esse papel pacificador e negociador ameaça a paz dos cemitérios que querem impor aos povos.