Convenção do PFL: Desespero e xingatório continuam

Dividida e em declínio nas pesquisas eleitorais, a oposição liberal-conservadora decidiu partir de vez para a mais torpe baixaria. O desespero chega a ser risível! Na convenção nacional do PFL, realizada nesta quarta-feira, dia 21, o senador ACM, o “Tonhinho Malvadeza”, esbravejou: “Temos de mostrar ao Brasil o verdadeiro Lula, o Lula ladrão”. Logo ele, velho oligarca baiano famoso por seus atos ilícitos e por sua postura truculenta. Já o banqueiro-fascista Jorge Bornhausen conclamou os convencionais a impedirem a reeleição de um “presidente conivente com os corruptores”. Logo ele, um fiel servidor da ditadura militar, envolvido em inúmeros casos suspeitos de remessa ilegal de divisas para o exterior.

 

Aliás, Geraldo Alckmin ao se vangloriar com fato, segundo ele, de que nunca ocupou um cargo público sem o voto popular, fez o favor de trazer a lembrança que os principais líderes do PFL, seus diletos aliados, uma penca deles, entre os quais, Bornhausen, Marco Maciel, Francelino Pereira,  ACM, exerceram funções públicas como nomeados pelo regime militar—os chamados biônicos.

 

Além dos discursos raivosos em defesa da sacrossanta propriedade privada e do ódio destilado contra os movimentos sociais, outras duas cenas geraram constrangimento na convenção deste partido conservador. O senador José Jorge, candidato à vice na chapa da direita, tentou escamotear o fato do presidente Lula contar com forte apoio entre os nordestinos. “A praga que nos aflige é a traição de um conterrâneo mal aculturado”, choramingou. Ao final, o discurso do tucano Geraldo Alckmin, recebido ao som do “Tema da Vitória”, música que marcou a carreira do piloto Ayrton Senna, foi ouvido por um auditório esvaziado, em clima de velório, conforme registrou a própria mídia hegemônica.

 

As mesmas baixarias e o mesmo clima de depressão já tinham sido presenciados na convenção do PSDB, poucos dias antes. Fica evidente que a oposição liberal-conservadora fará uma das campanhas mais sujas da história republicana. Hipócrita, ela tentará vender a imagem de vestal da ética, concentrando o ataque à “corja de ladrões”, como insiste em rotular o “probo” ACM. Afora a demagogia eleitoreira, ela defenderá uma plataforma ultraliberal, como se observou nas duas convenções citadas. Pregará a redução do papel do Estado, contrapondo-se aos programas sociais e as contratações de servidores do governo Lula; exigirá maior “autoridade” na relação com os movimentos sociais; defenderá a retomada das privatizações e das contra-reformas trabalhista e previdenciária; e fará apologia do alinhamento automático junto aos EUA.

 

As convenções do PSDB e PFL, que encerram uma fase do processo eleitoral e confirmam que a disputa será altamente polarizada, deveriam servir de alerta para as forças democráticas e populares. O jogo será pesado. Qualquer postura de “salto alto”, embalada pelo momentâneo favoritismo das pesquisas, poderá ser fatal. O momento agora é de consolidar o núcleo de esquerda do governo Lula, de unir forças e de neutralizar o campo adversário, evitando qualquer exclusivismo. Ele também exige a elaboração de uma plataforma nítida de mudanças, que ressalte o que já foi feito de positivo e aponte para a necessidade um novo projeto de desenvolvimento nacional. Do contrário, a revanche neoliberal poderá ser maligna!