Xingatório tucano revela desespero na convenção do PSDB

Em convenção marcada para a cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais — onde o tucano Aécio Neves, governador do Estado, vai construindo sua candidatura presidencial para as eleições de 2010 — foi lançado oficialmente o candidato do PSDB à presidência da República. Tal a tibieza do que deveria ser a estrela do dia, Geraldo Alckmin, brilharam mesmo foram outros tucanos de voz esganiçada, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o atual presidente do PSDB, Tasso Jereissati. FHC chamou o presidente Lula de “fanfarrão”, que “fala, fala, mas não diz nada (…), pode até impressionar os mais incautos, mas perdeu a respeitabilidade”. E o desafiou a fazer comparações entre o seu e o atual governo. Em tom que revela o desespero ao contabilizar índices nas últimas pesquisas de opinião pública bem abaixo da expectativa, Alckmin parte para o ataque tresloucado chegando a sugerir que o presidente Lula seria o “chefe”dos 40 ladrões.

 

Entre os estrategistas tucanos prevalece a idéia de que somente assim poderão eles desconstruir a candidatura do presidente, para ver se o candidato Alckmin consegue crescer nas intenções de voto para garantir as coligações concertadas até agora com o PFL em nível federal e nos Estados com outras legendas. No discurso longo do candidato, concebido assim para tentar dar uma resposta aos que o acusavam de não ter programa a apresentar, Alckmin falou de economia, educação e também procurou justificar o fracasso demonstrado na área da segurança pública em sua gestão em São Paulo, propondo medidas tópicas e dizendo que irá atuar, se eleito, “com rapidez e ousadia” no campo da segurança.

 

Ao lado do discurso do candidato, foi também lançado um documento na convenção tucana intitulado “Caminhos para o Desenvolvimento” que prevê a extinção de ministérios e órgãos públicos, a simplificação do sistema tributário, apontando como perspectiva atingir um nível de crescimento econômico próximo do que a República Popular da China atingiu. Não há no texto, entretanto, nenhuma meta numérica. Tampouco se demonstra objetivamente como o Brasil poderia atingir os índices chineses de crescimento econômico, hoje oscilando entre 9 a 10% ao ano. A plataforma tucana promete “reinventar o Estado brasileiro”, não explicando também o que seria exatamente este conceito. De forma dúbia o texto afirma que um eventual governo tucano não cederá nem à tentação do “estatismo”nem à defesa do “fundamentalismo de mercado”. O que fica nas entrelinhas é a idéia do chamado “Estado Mínimo”, pregado pelo neoliberalismo desde seus primórdios e linha mestra da política adotada pelos dois mandatos de FHC. Ou seja, trata-se de um programa ilusório e que o povo brasileiro já condenou ao eleger Lula em 2002.