Episódio da Câmara: lições e revelações

Os atos de violência  cometidos por integrantes do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), no dia de ontem, na Câmara dos Deputados, merecem, de fato, o repúdio das forças progressistas. Ações irresponsáveis desse tipo isolam os trabalhadores, debilitam sua luta e dão armas aos seus adversários.

 

Todavia, esse episódio lastimável revela, noutro plano, a essência da forças políticas do país.

 

O presidente da Câmara Aldo Rebelo, mesmo sob essa circunstância extremada, recusou-se a convocar a tropa de choque da Polícia Militar para debelar o tumulto. Em defesa do Poder Legislativo viu-se impelido a ordenar a prisão de todos os envolvidos nos atos de violência. Todavia foi categórico em afirmar que não vai “sacrificar a vocação democrática da Câmara por causa desse acontecimento."  E sublinhou que a Câmara não vai se afastar dos movimentos sociais.

 

Esta correta atitude de atitude de Aldo provocou a ira da direita. O senador Antônio Carlos Magalhães, aos berros, clamou aos céus pela intervenção dos comandantes militares para evitar, segundo ele, que o país “caia na desgraça de uma ditadura sindical”. Geraldo Alckmin que durante seu mandato em São Paulo tratou os movimentos sociais “como caso de polícia” diagnosticou o ocorrido como um fenômeno decorrente da “ leniência” e complacência do governo Lula com as lutas e os movimentos dos trabalhadores.

 

ACM (PFL) e Alckmin( PSDB) com essas reações eivadas de fúria e franqueza deixam claro que tipo de tratamento os trabalhadores e seus movimentos irão ter caso vençam as eleições.

 

O PCdoB, em nota assinada pelo seu presidente Renato Rabelo, após apresentar seu apoio e solidariedade ao presidente da Câmara Aldo Rebelo, afirma que a legenda comunista  continua convicta “de que os movimentos sociais—respeitados pelo atual governo e pelo Congresso Nacional— têm relevante papel na construção da democracia e do Brasil por qual lutamos.”  O Partido dos Trabalhadores (PT)  e a própria presidência da República, também, divulgaram comunicados com conteúdo semelhante.

 

Esse episódio isolado não irá retirar os movimentos socais das ruas e do epicentro da lutas políticas. Sobretudo, no ano de uma sucessão presidencial decisiva para os destinos do país, os trabalhadores e seus movimentos, ao contrário, precisam reforçar suas ações e seu protagonismo. A frente que está sendo forjada sustentar a campanha de reeleição de Lula além das legendas progressistas requer a participação destacada das lideranças e movimentos do povo e dos trabalhadores.