Sinais contraditórios na economia

Sinais contraditórios sobre o futuro da economia mundial e brasileira marcam
o relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico), divulgado em Paris nesta terça-feira (23).

No curto prazo, o texto da organização dos 30 países mais desenvolvidos
transmite um moderado otimismo ­ mais moderado ainda quando visto à luz do
sobressalto de segunda-feira nas bolsas de valores do planeta.

Na perspectiva, avulta a advertência sobre a impossibilidade dos EUA
continuarem a empurrar com a barriga o seu déficit na conta corrente, igual
a 7,5% do PIB americano, ao lado da tendência à alta das taxas de juros no
mundo: “Esses desequilíbrios são insustentáveis no longo prazo”, sentencia o
relatório.

Para quem lê a economia de olho nas eleições de outubro, as previsões sobre
o Brasil reforçam a tendência para a reeleição do presidente Luiz Inácio
Lula da silva. A OCDE revê para cima a expectativa de crescimento do PIB
brasileiro, de 3,7% para 3,8% neste ano, de 3,9% para 4% em 2007. Fala em
consumo “robusto”, superávit comercial “forte”, inflação em baixa, de 4,5%
ao ano.

Os números do relatório também deixam em dificuldades o argumento
oposicionista, de que o Brasil de Lula está perdendo uma oportunidade e
crescendo menos que o resto do mundo. Eles apontam que o PIB brasileiro deve se elevar, este ano, 0,7 ponto percentual acima da média da OCDE; em 2007, a vantagem chegaria a 1,1 ponto.

O desempenho brasileiro, porém, empalidece ao lado das outras grandes
economias emergentes, que formam com o Brasil o grupo apelidado de Bric, a
partir das iniciais dos quatro países. A China confirma o título de economia
mais dinâmica do mundo, que detém desde 1978; seu PIB deve crescer 9,7% em 2006 e 9,5% em 2007, segundo a OCDE. Os números da Índia são 7,5% e 7,1%. Os da Rússia, 6,2% e 5,7%.

Estes desempenhos evidenciam que, no mundo de hoje, e partindo de patamares de pobreza mais graves que o brasileiro, é possível alcançar e sustentar ritmos de desenvolvimento qualitativamente superiores aos do Brasil. Não é mágica. É a busca de novos rumos e alternativas, fora dos dogmas do
receituário macroeconômico ortodoxo