Violência em SP desmente mito da eficiência tucana

Após três dias de violência patrocinada pela "indústria do crime", a cidade gigante da América do Sul mesmo que cambaleante voltou a caminhar no dia de ontem e hoje (17-05) se pôs de pé. Na boca das ditas autoridades e do povo e ainda nos microfones e textos da mídia, aos montes, proliferaram análises sobre a matança e juízos sobre a quem recai a responsabilidade pela tragédia. Há uma diversidade espantosa de palpites e reflexões. Todavia, é inegável que o mito da eficiência de gestão do PSDB saiu abalado.

 

Agarrado a esse mito, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, do PFL, acabou sendo o personagem trágico-cômico do episódio. Ao justificar sua recusa à ajuda do governo federal, proclamou que a "situação estava sob controle". Após ter recuperado “o controle” por decreto, o número de ações do crime e de vítimas quase que dobrou.

Por sua vez, Geraldo Alckmin reagiu como o afogado que se agarra a folhas secas. Enquanto a violência paralisava São Paulo, ele dava declarações autoelogiosas. Jactava-se em afirmar que quando governador sufocara dois levantes do crime. Esquecia-se que foi sob a gestão tucana que o crime ganhara musculatura e poder de fogo. Sob a complacência dos tucanos, a cobra se tornou uma serpente grande e agressiva.

 

O próprio “fim” do levante se deu sob graves denúncias. Enquanto as polícias e o próprio governador juram por todos os santos de que não houve pacto com a direção da "indústria” do crime", o fato estranhado por muita gente é a coincidência de que a situação tenha se acalmado, imediatamente, após o encontro de autoridades de São Paulo com a personagem a que se atribui possuir a maior “patente” do crime. Mais grave, são as denúncias de que houve matança indiscriminada de “suspeitos”.

 

No reinado tucano em São Paulo, de mais de uma década, o PSDB aplicou com rigor, apreço e zelo os ditames do neoliberalismo. Importantes empresas estatais foram privatizadas. Os serviços públicos foram debilitados, sucateados. Os movimentos de luta do povo criminalizados. O desemprego aumentou e a concentração de renda também. Na era FHC, os palácios do Planalto e dos Bandeirantes formaram um dueto afinado. Eventuais ruídos entre ambos se deram mais pelas idiossincrasias de seus ocupantes do que por divergência de conteúdo.

 

De costas para o povo, não deram importância às estatísticas que demonstram que a maioria dos mortos por homicídio são os jovens desempregados, filhos dos pobres. As periferias onde vivem a maior parte dos trabalhadores tiveram a qualidade de vida degradada com a ausência do Estado e a presença crescente da violência e do crime. Aliás, se pode traçar um paralelo, entre a contração do parque industrial paulista e a expansão desse outro tipo de "negócio".

 

Em resposta ao anseio dos paulistas pelo direito de trabalhar e viver em paz, os tucanos subordinaram a política de segurança ao  bordão "da tolerância zero". Muita violência e quase nenhuma inteligência. As cadeias, por exemplo, ficaram cheias, até às tampas. Fato que superficialmente pode sugerir competência. Todavia, essa superlotação das penitenciárias—um inferno em vida— acabou criando as condições propícias para o crime erguer sua "indústria" e fichar seu efetivo.   

 

Em suma, essa mega-crise trincou o mito da tão alardeada eficiência e competência tucana. O "choque de gestão" que Alckmin promete ao Brasil, caso eleito, no mínimo, daqui por diante provocará dúvidas e medo no eleitorado.