Por uma imediata ação unitária para restabelecer a segurança em São Paulo

 

Desde sexta feira passada (12/5) instalou-se um verdadeiro clima de terror nas ruas da maior cidade da América do Sul. Nas madrugadas de sexta para sábado, sábado para domingo e de domingo para segunda, já foram contabilizadas 72 mortes em 115 ataques a postos policiais e em 69 rebeliões em presídios. Delegacias e veículos da Polícia Militar e da Polícia Metropolitana, o prédio de um Fórum de Justiça da capital paulista, várias agências bancárias  foram atacados e mais de 60 ônibus incendiados. Trata-se da maior demonstração de força de grupos comandados por organizações criminosas na região sudoeste e sul do país. Do total de mortos, 36 são policiais, 23 criminosos, 11 são detentos de penitenciárias paulistas e dois cidadãos comuns.

 

Ante esta situação tão grave, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), cometeu o crasso erro de descartar o apoio logístico e operacional, de pronto, oferecido pelo Governo Federal. O ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, em nome do governo, colocou à disposição de São Paulo a Força Nacional de Segurança, constituída por uma tropa de elite de 4.500 homens, especialmente treinada para este tipo de situação. Lembo, com uma arrogante autosufiência, disse que a ajuda não era necessária. Foi uma decisão irresponsável com a população do Estado. Lembo, pelo visto, colocou interesses político-partidários acima da necessidade urgente de debelar a crise e restabelecer a tranqüilidade pública.

 

O despreparo e a falta de capacidade operacional das forças de segurança de São Paulo ficaram evidentes desde o início do processo. Há cerca de 20 dias as autoridades paulistas já tinham conhecimento de um plano em andamento no sentido de promover uma ação coordenada a partir do comando instalado dentro dos próprios presídios. A  transferência de mais de 700 presidiários para uma penitenciária de seurança máxima, no interior do Estado de São Paulo, foi a senha para que fosse desencadeada a ação.

 

 A experiência internacional de combate a este tipo de organização criminosa indica que um movimento como esse de concentrar a direção é desaconselhado. O mais correto seria dispersar o comando para não permitir coordenação articulada.

 

 A declaração da presidente da Associação dos Funcionários da Polícia Civil do Estado de São Paulo, Lucy Lima Santos, dá a dimensão do pânico instaurado: –“ Estamos sendo caçados dentro de nossas casas. O filho de um policial civil foi morto em casa e temos relatos de familiares e policiais que estão sofrendo ameaças”. Outra questão é evidente é que ao longo do tempo o governo Estadual não deu o combate necessário a essa organização criminosa. Isso fica evidente pelo grau de força por ela alcançado.

 

O fato é que estas organizações criminosas que atuam em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e outras unidades da Federação demandam ser tratadas como um problema de caráter estratégico para o Estado brasileiro. A dimensão, ousadia, capacidade de coordenação e poder de fogo destas organizações criminosas com uma freqüência cada vez menor colocam a população sob as teias da violência.
 
 O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, ouvido pelos jornalistas, declarou que é imperiosa a ação conjunta dos governos estadual e federal para enfrentar esta situação, que exige espírito público e não bravatas do tipo que o governador Cláudio Lembo lançou na manhã de ontem: “São Paulo não precisa da Polícia Federal. Vamos resolver essa situação. (…)A segurança pública está sob controle…”