PMDB, a difícil escolha do centro

O PMDB deve deliberar na pré-convenção deste sábado (13) sobre o seu posicionamento nas eleições presidenciais de outubro. Decidirá, se é que a decisão será mesmo no dia 13, submetido às pressões e contrapressões típicas de sua localização, no centro do leque partidário.

Desde o fim da ditadura militar o PMDB tem sido o grande partido brasileiro de centro. E tem ficado com o bônus e o ônus dessa localização.

Ela lhe valeu a hegemonia nos primeiros anos da Nova República e uma maioria absoluta de 305 das 573 cadeiras na Assembléia Constituinte eleita em 1986. A seguir, o país se viu na encruzilhada entre obedecer ao pensamento único neoliberal e construir um novo modelo desenvolvimentista; o PMDB viu-se na contingência de reforçar um ou outro destes pólos, ou, ainda, buscar uma terceira via.

 

Ele compôs as bases de apoio dos governos neoliberalizantes de
Fernando Collor e Fernando Henrique; em 1989 e 1994, lançou candidato presidencial próprio; em 2002 emprestou uma vice à chapa do tucano José Serra; com a vitória de Lula, passou a compor também a base do novo governo.

Todas essas escolhas se mostraram difíceis e conflituosas. Em um quadro polarizado entre direita e esquerda, a sigla de Ulisses Guimarães passou a viver num estado de permanente luta interna, com resultados incertos e flutuantes. Isso erodiu o seu papel nacional, embora o partido se conservasse como uma das maiores bancadas no Congresso Nacional e uma força local de primeiro escalão.

A menos de cinco meses das eleições, a luta e a indefinição continuam. A alternativa da candidatura própria de Anthony Garotinho defrontou-se com uma rajada de denúncias da grande imprensa, que já tem candidato e não perdoa as intenções de voto em Garotinho nas pesquisas. O ex-governador respondeu com uma greve de fome, que angariou escassa solidariedade de seus correligionários e escárnio  de  seus detratores na mídia. Ele avalia que sua candidatura, agora, “só um milagre”. Reage atirando no alvo errado. Volta seu ataque contra Lula; no mesmo dia em que a OAB rejeitou a idéia do impeachment, disse que “chegou a hora, agora é fora Lula”.

Estas circunstâncias reduzem as chances da candidatura própria. Enquanto reforçam o assédio por parte dos projetos presidenciais de Alckmin, à direita, e Lula, à esquerda. O grande partido de centro deverá fazer a sua escolha em um cenário que desfavorece o centrismo.