A pesquisa Ipsos e a urgência da votação do orçamento

O resultado da rodada de março da pesquisa Pulso Brasil, do Instituto Ipsos – em matéria republicada aqui no Vermelho assinada analista político Ilimar Franco do jornal O Globo —  mostra que os eleitores pesquisados aprovam vários programas do atual governo, além da chamada estabilidade da economia, a geração de empregos e o aumento do salário-mínimo acima da inflação. O fato é analisado pelo secretário-geral da presidência, Luiz Dulci, quando diz que "o desempenho eleitoral do presidente está relacionado à ação do governo." Os programas são amplamente conhecidos por mais de 70% dos entrevistados: 63% avaliam positivamente o Luz  Para Todos, 61% o Bolsa Família, 59% o Brasil Alfabetizado, 58% o Samu, 55% a Operação Tapa Buraco, outros 55% o Farmácia Popular e 51% o Fome Zero. O presidente Lula, pessoalmente, é apontado como honesto par mais da metade do universo de pessoas ouvidas pela enquete. Nos últimos meses, segundo a pesquisa, a avaliação da competência administrativa do governo subiu nove pontos percentuais.

 

Diante destes dados de realidade, constatados não apenas pelo Ipsos, mas por vários outros institutos de opinião pública, a oposição conservadora parte para uma tática desesperada tentando impedir uma derrota já no primeiro turno, caso o presidente Lula se candidate efetivamente para um segundo mandato em outubro próximo. Por isso, o núcleo da direção do PSDB e do PFL não vacilará em apostar na desestabilização da economia, procurando criar um clima de turbulência semelhante ao da véspera das eleições de 2002, tentando inclusive impedir a votação do orçamento que tramita no Congresso. Atuando nos bastidores, essa oposição está procurando uma entidade para questionar, na Justiça, a medida provisória que autorizou gastos do Orçamento. Desta forma, tentam escapar do rótulo de tentarem impedir os investimentos sociais do governo.

 

A estratégia terrorista da oposição vai ficando cada vez mais nítida aos olhos da população. Pretende sangrar ao máximo o presidente Lula, adotando a marca de uma cruzada moralista, estimulando o golpismo e trabalhando concretamente para constituir um governo paralelo, utilizando-se de sua maioria no Senado e instrumentalizando a CPI dos Bingos.

 

Assim, comprova-se uma vez mais, o pensamento do grande estrategista e revolucionário prático Vladmir Ilich Lênin de que "toda a crise política, qualquer que seja o resultado, é útil porque realça coisas que pareciam ocultas, põe em destaque as forças que atuam na política, desmascara o engano e o auto-engano, as frases e ficções, e proporcionam uma brilhante demonstração de 'como são as coisas'…"

 

Para o campo de forças que apóiam o governo é fundamental extrair lições dessa crise e ampliar o espectro de forças e alianças do bloco de sustentação ao presidente Lula, evitando o isolamento e atraindo setores de centro, explorando as contradições da oposição. Neste sentido, não se pode privilegiar a lógica das disputas estaduais da pré-campanha — que se colocam acima  de um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho. É preciso igualmente repactuar as forças mudancistas, recolocando o povo nas ruas para desmascarar a tática golpista da direita e recuperar a iniciativa no Congresso para a votação do orçamento. Por sua vez, o movimento social organizado poderá, em várias oportunidades, levantar sua voz, como na reunião deste final de semana, em Campinas (São Paulo), do Conselho de Entidades de Base da UNE, no Congresso Nacional da Corrente Sindical Classista, a partir desta segunda-feira em Aracaju, (Sergipe), do Fórum Social Brasileiro em Recife (Pernambuco) no próximo dia 20, além das inúmeras manifestações e mobilizações do 1º. de Maio.