Fórum Social Brasileiro, em busca da convergência e da unidade

O principal evento do movimento social brasileiro no período pré-eleitoral vai acontecer em Recife, entre os dias 20 e 23 de abril: será o Fórum Social Brasileiro, capítulo do Fórum Social Mundial, que espera reunir entre 10 a 15 mil pessoas, entre elas cerca de três mil militantes do Partido Comunista do Brasil.

Desde o primeiro Fórum Social Mundial, estas grandes reuniões dos lutadores pelo progresso social e pela autonomia dos povos se consolidaram como espaço de debate e unidade dos movimentos sociais. O Fórum Social Brasileiro, que está em sua segunda edição, aprofunda esse rumo no texto de apresentação do encontro onde diz que “seu caráter temático o torna diferente dos demais”. E chama a atenção para o foco especial do segundo FSB: “a experiência brasileira destes últimos anos. O que se pretende é ampliar o diálogo sobre essa experiência, substituindo a disputa entre pontos de vista pela escuta das análises, interpretações e propostas das diferentes pessoas, redes, entidades e movimentos da sociedade civil”.

 

Opção enfatizada na convocatória que destaca a singularidade da “experiência brasileira em toda sua potencialidade”, registrada no debate dos “caminhos a seguir para a construção de um país igualitário e justo, democrático e sustentável”. Debate para o qual chama “os movimentos sociais, redes e entidades” para realizarem o “levantamento do máximo possível de ensinamentos e opções alternativas para o futuro, debatendo tanto  o papel dos governos, como dos movimentos e organizações da sociedade civil e suas redes e o dos partidos”, tratando a divergência e a diversidade de opiniões com respeito, em busca das convergências que permitam “a construção de novos consensos mobilizadores no caso, rumo ao Brasil que queremos”.

É esta plataforma que faz a importância maior do II Fórum Social Brasileiro, Traduzida num conjunto de mais ou menos 400 atividades, essa plataforma será o eixo dos trabalhos desde a marcha de abertura, no dia 20, até a Assembléia dos Movimentos Sociais, no último dia. É nesse contexto que a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) vai debater e aprovar também sua plataforma com as propostas eleitorais que serão entregues aos candidatos, estruturada em torno da necessidade de – na eleição de outubro – derrotar a direita, evitar o retrocesso que sua volta ao governo representaria, e avançar nas mudanças. “Os movimentos sociais devem ter uma posição autônoma em relação”, diz o secretário de Movimentos Populares e Sociais e de Juventude do PCdoB, Ricardo Abreu (Alemão). “Mas ao mesmo tempo”, conclui, “é preciso apoiar criticamente a plataforma de mudanças defendida pelo presidente”.

O Fórum Social Brasileiro ocorre num momento em que, às vésperas da eleição presidencial de outubro, a direita acentua seu ataque contra o governo do presidente Lula e tenta sua inviabilização eleitoral para pavimentar um caminho para levar os setores conservadores e neoliberais de volta à presidência da República, reativando o projeto neoliberal e eliminando as conquistas já alcançadas. Este cenário ressalta a importância da reunião de Recife: ela vai ajudar a delinear o conjunto de propostas que poderá unificar o movimento social, dando a elas uma expressão política e indicando a opção por uma candidatura que, em outubro, possa derrotar a direita e avancar nas mudanças.