Oposição tem recaída golpista

Sequer havia assentado a poeira da queda  de Palocci e a mídia já alardeava que uma nova sentença de degola fora lavrada. A “bola da vez”—previam vários jornais— seria o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.  Entremeio, como diria Guimarães Rosa, a essa “sebaça”, a  investida volta-se contra o próprio presidente da República.  A direita volta rosnar a ameaça do impeachment e por todos os meios tenta “paralisar” o governo. Está deflagrada uma nova ofensiva do conservadorismo neoliberal para, a qualquer custo, retomar o governo da República.

 

 

Um dos instrumentos dessa ofensiva é a CPI dos Bingos. Essa CPI, um arremedo da “República do Galeão”, funciona à margem da Constituição, uma vez que atua fora das finalidades para as quais foi instalada.  Com códigos e leis próprios, realiza devassas, quebra sigilos bancários, ouve testemunhas, promove acareações— tudo com o fito de manter  aceso o fogo da crise. Num movimento ascendente, essa CPI procura fechar o cerco sobre o presidente. Vasculham a vida de Lula e espalham provacações.

 

 

Em meados do ano passado, aproveitando-se de erros que foram assumidos por dirigentes do PT, a direita desencadeou  uma avalanche reacionária, abertamente golpista. Essa investida, todavia, foi contida pelo respaldo popular do presidente Lula, pela consciência democrática da Nação e pela ação corajosa da esquerda e dos movimentos sociais. A vitória de Aldo Rebelo à presidência da Câmara dos Deputados veio a coroar essa resistência empreendida pelo campo democrático, popular e patriótico. 

 

 

No início deste ano, sucessivas pesquisas de opinião pública atestaram a popularidade do presidente Lula, a simpatia do povo ao seu governo e a competitividade de sua candidatura à reeleição. Este fato levou a direita ao desespero. Por uns três meses, viu-se envolta numa acirrada luta de facções pela escolha de seu candidato. Nesse período, vários de seus próceres lastimavam a “oportunidade” perdida. Algo mais ou menos assim: “ não cassamos o mandato de Lula e olha ele aí de novo com chances de vitória.”

 

 

Relativamente unificada com a candidatura de Alckmin a presidente e a de Serra ao governo de São Paulo, com o cargo de vice prometido ao PFL, a direita, rapidamente, procurou sanar suas feridas e dar passos não só para sua coesão mas, também, para ampliar sua base de apoio. Tendo recuperado o seu poder de fogo, o conservadorismo retomou a “operação desmonte”. Montou a operação “caça-Palocci” e, como se viu, o antídoto arranjado pelo ex-ministro lhe foi  mais letal do que o veneno.

 

 

Ao derrubar Palocci, a direita pretendeu provocar sobressaltos na economia e instabilidade no governo. O presidente Lula reagiu com altivez. Disse não ao mercado financeiro que pretendia impor  Murilo Portugal— um ideólogo do neoliberalismo. Contra essa pressão,  escolheu  Guido Mantega.  Noutro Plano, nomeou Tarso Genro para ministro da Articulação Política.(Tarso no período que exerceu a presidência do PT valorizou a unidade da esquerda e a necessidade de uma repactuação programática para uma nova campanha de Lula.)

 

 

Fica claro que a recaída golpista da direita e a sua operação “vale-tudo” decorrem da possibilidade de vitória do presidente Lula.  Nesse “vale-tudo” não vacilam, inclusive, em prejudicar o país, como ocorre na obstrução da votação do Orçamento.

  
O campo democrático, patriótico e popular precisa rapidamente enfrentar e conter essa investida reacionária. De imediato é importante uma reação uníssona dos partidos de esquerda contra essa nova onda conservadora. Por outro lado, o movimento social que prestou relevante serviço à democracia, quando ano passado, saiu às ruas em defesa de suas bandeiras e contra o golpismo da direita, uma vez mais é chamado a ganhar à ruas com o mesmo objetivo. O Fórum Social Brasileiro e as comemorações do Primeiro de Maio poderão ser palco de um forte brado do povo contra o retrocesso e pelo avanço das mudanças.