O desastre do PSDB na educação


Fragorosamente derrotado na eleição presidencial, o PSDB, o partido dos rentistas “modernos”, encontra-se desnorteado e cindido. Até contratou uma agência de publicidade para maquiar sua desgastada imagem – seguindo os passos do satélite PFL, que resolveu esconder sua crença liberal e travestir-se ironicamente de Partido Democrata. A “crise existencial” se agrava com a luta fratricida entre os cardeais tucanos, que não se entendem sobre a tática diante do governo Lula e estão em guerra para definir o presidenciável de 2010. Para complicar, as últimas semanas foram de péssimas notícias para os expoentes de partido.



Primeiro foi a enorme cratera no metrô paulista, que desmascarou de vez o badalado “choque de gestão” de Geraldo Alckmin e evidenciou as mazelas da privatização no setor de transportes. Agora, são os dados sobre a dramática situação da educação em São Paulo – que darão dor de cabeça para outro presidenciável tucano, o governador José Serra. Até o jornal Folha de S.Paulo, que faz de tudo para blindar seu afilhado político, foi obrigado a publicar um editorial nesta quinta-feira afirmando que “o legado de três governos estaduais é um desastre, prova de que a prioridade tucana para o ensino não gerou projeto coerente”.



O PSDB administra o principal estado da federação desde 1995 – duas gestões de Mário Covas, uma de Geraldo Alckmin e outra, prevista até 2010, com o atual governador José Serra. Neste longo e tenebroso período, a educação foi totalmente sucateada. Milhares de professores foram demitidos, escolas foram fechadas e a evasão escolar bateu o recorde histórico de 7% ao ano. Para esconder este caos, o governo tucano inventou a fraude da “progressão continuada”, com a aprovação automática dos alunos – até dos analfabetos. O desastre desta política fica patente agora com os dados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que revelam que as notas dos estudantes paulistas estão bem abaixo da média nacional.



Em 1995, os alunos da oitava série das escolas paulistas obtiveram o segundo lugar na prova de português e o quarto na de matemática. Em 2005, segundo o Saeb, as respectivas posições foram de 7º e 10º lugar – uma baita regressão. Diante desta péssima notícia, os tucanos passaram a se digladiar, procurando bodes expiatórios. O mais cômico de todos foi o risível ex-secretário Gabriel Chalita, que rejeitou as críticas de seus pares e culpou as famílias dos alunos pelo caos na educação. Se a mídia brasileira fosse realmente neutra e imparcial, ela daria destaque à denúncia, com manchetes nos jornais e reportagens na TV Globo. Mas não dá para ter ilusão quanto a isto. Mesmo assim, os tucanos devem uma resposta à sociedade.