Bolsonaro e a criminalização dos sindicatos

A confirmação de que o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro extinguirá o Ministério do Trabalho é a demonstração clara do mal conceito que os futuros ocupantes da presidência da República têm dos sindicatos e de suas funções, e do objetivo – típico dos governos fascistas – de subordinar os trabalhadores e destruir suas entidades de luta. Com isso debilitam a luta contra a exploração dos patrões sobre aqueles que, de fato, produzem a riqueza.

Partem do princípio de que os sindicatos estão sempre envolvidos em irregularidades. Ou seja, guarda sintonia com a tentativa de criminalização dos movimentos sociais, em particular dos sindicatos, ao colocá-los sob controle do ex-juiz e futuro ministro da Justiça Sergio Moro.

O ministério do Trabalho será fatiado em três partes, cada uma delas subordinada a uma pasta diferente: Cidadania e Economia dividirão as políticas públicas de emprego, cabendo à Economia – sob comando do neoliberal radical Paulo Guedes – a administração dos recursos do FGTS e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A parte politicamente mais sensível ficará subordinada ao ministério da Justiça: a secretaria responsável pelo registro das entidades dos trabalhadores. Uma maneira clara e pouco sutil de afirmar que essa área fica sob o comando daquele que a mídia conservadora transformou em símbolo do combate à corrupção. A espada colocada sobre a cabeça dos líderes sindicais e de suas entidades foi confirmada pelo próprio Moro. “O objetivo dessa transferência é, no guarda-chuva do Ministério da Justiça, eliminar qualquer vestígio de corrupção”. A fiscalização do trabalho escravo também ficará subordinada a Sérgio Moro.

Bolsonaro e seus parceiros da extrema-direita vão montando, dessa forma, o ministério dos sonhos dos empresários mais reacionários. Que nunca aceitaram a legislação trabalhista nem os direitos dos trabalhadores, rejeitaram o ministério do Trabalho desde sua criação por Getúlio Vargas, em 1930, e abominam a existência da Justiça do Trabalho.

Jair Bolsonaro dá um passo no rumo do fascismo que nem mesmo a ditadura militar de 1964 ousou: coloca os trabalhadores e as entidades criadas para sua defesa – os sindicatos – sob comando do ultra-liberal Paulo Guedes e do ministro que se anuncia como verdadeiro chefe de Polícia, o inefável Sérgio Moro, brandindo o alfanje da anti-corrupção agora para ameaçar as lideranças sindicais e calar os trabalhadores.