Todos pelo Brasil: em defesa da democracia e dos direitos do povo

Povo na rua. Essa é a resposta que a realidade dessa reta final da campanha eleitoral exige, diante da brutal ofensiva da candidatura de Jair Bolsonaro, que se utiliza de torpezas típicas de quem não tem o que dizer ao povo e se esconde atrás de mentiras. Nesta quinta-feira (18) estourou o grande escândalo do “caixa 2” financiando a campanha da extrema direita, denunciado pelo jornal Folha de S. Paulo, um atestado de veracidade dos métodos abusivos e ilegais da chapa bolsonarista. O movimento #todospeloBrasil, programado para este sábado ( 20), pode ser um ponto divisor se ele arregimentar uma grande força capaz de mostrar às massas populares o que de fato representa o programa de governo da extrema direita.

Além dos arroubos protofascistas, típicos de quem não tem compromisso com os mais elementares traços de civilização e humanismo, Bolsonaro chega às urnas se utilizando de uma férrea censura para impedir que suas propostas sejam conhecidas e debatidas. Seu economista-chefe, Paulo Guedes, cercado de uma trupe de neoliberais que trabalha contra os direitos do povo, propagou aos quatro ventos, antes de ser censurado, que o projeto ultraliberal e neocolonial em elaboração não deixará pedra sobre pedra no processo de desmonte do que resta de soberania nacional. O vice, general Hamilton Mourão, também antes de ser censurado vociferou contra direitos básicos dos trabalhadores (como o fim do 13º salário) e temas de interesse nacional (como a tese do autogolpe).

Bolsonaro encarna a ideologia que reinou no período da escravidão, na pasmaceira da República Velha, na violência do Estado Novo e da ditadura militar de 1964. Sua candidatura é a síntese ideológica dessa linha de pensamento truculenta e obscurantista, inserida na lógica de um mundo regido pela especulação rentista que tem como método de atuação a destruição das democracias, das soberanias nacionais e da civilização. Suas propostas para governar o país são baseadas, sem meias palavras, nessa simbiose. Ou por outra: são meros arranjos para incrementar e ampliar o que o governo do usurpador Michel Temer vem fazendo, sobretudo o entreguismo, usando a grande ameaça neofascista como método político.

Esses dois vértices da chapa da extrema direita, o arbítrio e o entreguismo, são a receita para a destruição do país como nação fundada no Estado Democrático de Direito e na soberania nacional. Não é pouca coisa. Quando se diz que os brasileiros estão diante de uma grave ameaça, o sentido é literal. E isso exige um despertar do povo, para não votar, em 28 de outubro, nesse desatino. Diante da avalanche de falsas notícias, chamadas de fake news, do bolsonarismo, com o propósito evidente de esconder o que a extrema direita pretende fazer se instalada no governo, resta à militância e aos apoiadores da chapa Fernando Haddad-Manuela d’Ávila se desdobrarem para virar o jogo das intenções de voto, de acordo com as pesquisas eleitorais.

Impõe-se como dever de todos os democratas e progressistas um trabalho diuturno para, no dia 28, livrar o país dessa gravíssima ameaça. O movimento #todospeloBrasil é a tarefa de maior importância nessa reta de chegada. Um grande contingente de povo na rua pode despertar na grande massa de eleitores o sentimento de defesa da pátria, dos direitos do povo e da democracia. Mesmo as forças políticas que ainda vacilam ante a encruzilhada histórica que se formou nesse processo político podem se decidir pelo caminho democrático a partir de um vigoroso pronunciamento popular no dia 20.

Há, ainda, uma boa dose de confusão, resultado de preconceitos e ressentimentos, que pode ser dissipada por um processo de mobilização de massas para que os gestos sinceros das forças democráticas e progressistas sejam entendidos na sua real dimensão. O que está em jogo, nesse momento, é nada menos do que a defesa do Brasil e do seu povo. Isso precisa ficar absolutamente claro nessa reta de chegada da campanha eleitoral.

A história do Brasil mostra que toda vez que o binômio amplitude-mobilização popular se efetivou, os resultados foram positivos. Foi assim no processo que enterrou a ditadura do Estado Novo, quando a chamada “união nacional” arrastou multidões às praças públicas e ruas e conquistou a Constituinte de 1946, que consolidou a redemocratização do país. A Constituição resultante desse processo consagrou direitos fundamentais que ainda hoje regem a vida democrática do país.

Também foi um movimento de massas, amplo e unitário, que liquidou a ditadura militar de 1964, igualmente sepultada pela legalidade democrática oficializada com a Constituição de 1988. Agora, com o golpe de 2016, mais uma vez a história conclama as forças democráticas e progressistas a se unirem para restabelecer a ordem constitucional, o Estado Democrático de Direito. A mobilização do dia 20 tem a enorme responsabilidade de começar a reeditar esse processo, que transcende a votação do dia 28. Mais uma vez, só o povo organizado pode impedir que as forças do atraso e do obscurantismo deem mais um passo na direção do arbítrio e do entreguismo.