Temer aumentou o desemprego e a fome

O dramático retrato do Brasil descrito no relatório “A Segurança Alimentar e a Nutrição no Mundo”, que a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) acaba de divulgar, podia ser previsível por quem acompanha os desdobramentos da má situação criada, desde a divulgação do resultado da eleição presidencial de 2014 (que reelegeu a presidenta Dilma Rousseff): a conspiração e, em 2016, o golpe ultraliberal que alçou à Presidência da República o ilegítimo Michel Temer.

Aquele relatório aponta a volta do Brasil ao Mapa da Fome, da ONU, do qual saíra justamente em 2014.

É o resultado mais candente do empobrecimento da população, acelerado pelo governo golpista. Desde 2017 o índice de Gini (usado como indicador de concentração da renda, e que quanto mais próximo de um maior é a concentração) voltou a crescer, depois de 22 anos de queda, isto é, depois de duas décadas de redução da desigualdade.

O empobrecimento registrado por este índice tem carne e osso; os números frios da estatística representam concretamente milhões de pessoas que, empobrecidas, não têm condição sequer de se alimentar adequadamente.

Os dados são aterradores. O IBGE mostra como o desemprego, a queda na renda e o empobrecimento andam de mãos dadas. Em 2017, os 10% mais ricos da população abocanharam 43,3% do total da renda no Brasil, e os 10% mais pobres ficaram com apenas 0,7% deste total. A disparidade de renda descrita é tamanha que o ganho dos mais ricos era 36 vezes maior do que o dos mais pobres. Este é o retrato do modo como a pobreza cresceu no país. É o caminho da fome revelado pelo relatório da FAO.

Outro estudo, também de 2017, coordenado pelo pesquisador Marcelo Neri, da FGV, descreveu com mais detalhes este caminho, e concluiu: “O aumento do desemprego foi o grande fator para piorar a desigualdade no Brasil”. Ele tinha razão – passa de 13 milhões o número de trabalhadores desocupados, quadro agravado que chega a mais de 30 milhões de subempregados e mal remunerados.

A FAO mostra que, em 2017, havia 821 milhões de famintos no mundo (um em cada nove de todos os seres humanos). Entre eles havia 5,2 milhões de brasileiros, indicando a realidade cruel acentuada desde o golpe de 2016. A luta contra a fome, vitoriosa no Brasil na última década de governos democráticos e populares, foi derrotada pela ganância especulativa do grande capital, e o número de famintos aumentou de 4,9 milhões em 2010 para 5,2 milhões em 2017.

Em 1999, no governo do tucano neoliberal Fernando Henrique Cardoso, 20,9 milhões sofriam fome no Brasil. Desde sua posse na presidência da República, em 2003, o ex-presidente Lula tornou a fome um assunto de Estado e de governo, e passou a tomar medidas para combatê-la. Em consequência, em 2004 aquele número caiu para 12,6 milhões,e ainda mais em 2007 – para 7,4 milhões.

O Bolsa Família teve um papel fundamental no combate contra a pobreza e a fome, alcançando quase 20% das famílias de renda mais baixa. Mas, sob Temer, tem sido severamente atacado, tendo seus recursos reduzidos pela metade para o orçamento de 2019; o país anda para trás neste aspecto, mostrou um estudo da Fundação Getúlio Vargas ao revelar o crescimento da pobreza nos últimos anos. Houve um aumento de 6,3 milhões de novos pobres no Brasil, nos últimos quatro anos, aumento acelerado desde 2016.

Mais riqueza para uma ínfima minoria, mais pobreza e fome para a maioria – este é o retrato do Brasil do golpe. Cujos traços os candidatos identificados com a mesma agenda ultraliberal de Temer, sobretudo Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB), querem manter mesmo sob o risco de agravar ainda mais a má situação que o povo vive.

Retrato ao qual se opõe a chapa “O Povo Feliz de Novo”, de Fernando Haddad (PT) e Manuela d’Ávila (PCdoB), para o Brasil retornar à rota da democracia, desenvolvimento, emprego e renda. Com comida na mesa de todos os brasileiros.