Ante o desemprego e o arrocho o que propõem os candidatos

Há quem, entre os analistas do mercado financeiro e da mídia patronal, considerou o pequeno crescimento observado no emprego formal, revelado pelos dados divulgados nesta quarta-feira (22) pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, como o melhor resultado de julho em seis anos, ou ampliação de postos de trabalho, ou ainda divulgaram a opinião de que o mercado de trabalho voltou a dar sinais de aquecimento.

São opiniões claramente exageradas, que mais revelam a torcida dos comentaristas do que um real movimento positivo na economia. O número divulgado pelo Caged é exíguo e um analista realmente ligado à realidade não poderia jamais considerá-lo “crescimento”, mas sim oscilação à beira do abismo.

Foram criadas apenas 47.319 vagas formais no mês de julho de 2018, uma gota no oceano de desemprego que aflige o país. Infortúnio que atinge mais de 13 milhões de pessoas!

Entre aquelas poucas novas vagas criadas, 3.399 foram de trabalho intermitente, com menor proteção para o trabalhador e salário mais baixo; 813 vagas foram de tempo parcial.

Esse irrisório “aumento” foi de apenas 0,12% no número de vagas formais, e deixa o mercado de trabalho ainda distante dos 41 milhões de empregos formais que existiam em julho de 2014; alcança hoje a marca, muito menor, de 38,3 milhões de trabalhadores. Neste ano, entre janeiro e julho, foram criadas 448.263 novas vagas, outro crescimento pífio, de apenas 1,18%. E o salário médio acompanha esta tendência de restrições ao trabalhador. Nas novas vagas, ele é 9,2% menor do que os salários daqueles que foram demitidos.

Este o resultado da reacionária contrarreforma trabalhista de Michel Temer. Quando muito o que gera é emprego precário principalmente o trabalho intermitente ou parcial, e com salários reduzidos. Em julho, o salário médio dos novos contratados foi de R$ 1.536,12, enquanto o dos demitidos era, em média, de R$ 1.692,42 – isto é, uma forte perda, de 9,2%, nos salários. É o retrato do empobrecimento dos trabalhadores, que provoca o aumento no endividamento das famílias e enfraquece significativamente a economia brasileira, que passa a andar para trás pela falta de mercado interno que permita seu desenvolvimento.

Diante desse desastre, vejamos o que dizem alguns dos candidatos(as) à Presidência da República.

Pérsio Arida, coordenador do plano econômico do tucano Geraldo Alckmin, disse em entrevista que os empregos retornarão por obra e graça do divino mercado. Não há e seria errado, sentencia Arida, qualquer programa ou ação de governo para a geração de postos de trabalho.

Por sua vez, Eduardo Gianetti, da campanha de Marina Silva, faz coro ao receituário neoliberal. O negociado vale sobre o legislado e a “lei trabalhista precisa ser simplificada”. Disse, também, que o salário mínimo deve ser reajustado apenas pela correção da inflação, sem aumento real.

Jair Bolsonaro e seu filho, também deputado, votaram a favor da reforma trabalhista. O economista Paulo Guedes, a quem Bolsonaro deposita fé cega e absoluta, é um ultraliberal que prega a privatização de todas as estatais, defende a implantação do ensino pago nas escolas públicas. Paulo Guedes categoricamente ressalta que a reforma trabalhista deve ser “aprofundada”. Leia-se: corta ainda mais fundo os direitos do trabalhador(a).

O programa da candidatura Lula presidente defende, como prioridade imediata, a retomada do crescimento econômico, a geração de empregos, a lei do aumento do salário mínimo e uma política que preserve os direitos dos trabalhadores (as).