A mentira da recuperação da economia

Michel Temer finge que as crises de seu governo estão sendo superadas. Um bom exemplo é o crescimento sofrível do Produto Interno Bruto (PIB) e o esforço do Palácio do Planalto, com apoio da mídia que o acompanha desde o golpe de 2016, para defender o indefensável e tentar convencer que a grave crise econômica ficou para trás com a volta de uma suposta recuperação econômica.

A realidade descrita pelos índices econômicos e sociais divulgados recentemente, e vivida no dia a dia pelos brasileiros, desmente o esforço de propaganda do governo para pintar de rosa um quadro que tem cores sombrias.

Como falar em recuperação e – exagerando, como fazem – da volta do crescimento quando a indústria brasileira é sucateada e desmontada por decisões de governo que encarecem e impossibilitam o crédito e destroem produção nacional com medidas que contrariam a obrigatoriedade de encomendas do governo e das estatais a empresas brasileiras? Como falar de recuperação quando existem mais de 13 milhões de desempregados, número ainda maior quando somado ao daqueles que estão no subemprego? Como falar em recuperação quando o comércio patina e enfrenta a perspectiva, por exemplo, de um Natal de “lembrancinhas” neste ano?

O pretexto para o golpe de 2016 foi a alegada paralisia econômica que o país enfrentava, embora ainda exibisse um desempenho da economia bem mais expressivo que o atual (2,5% em 2014), que a mídia chamava de “pibinho”.

O governo golpista tomou medidas que resultaram na paralisia da economia – encareceu o crédito, amesquinhou a indústria, levou milhões ao desemprego. O resultado foi o oposto dos pretextos para o golpe, e é visto no “pibinho” de Temer: 0,1% no terceiro trimestre de 2017, o que indica um crescimento (diz o Banco Central) de 0,7% neste ano. Irrisório perto dos mais de 7% de recuo quando se soma os maus desempenhos de 2015 e 2016. Este é o verdadeiro “pibinho”, que resulta das opções catastróficas impostas pela dupla Michel Temer e Henrique Meirelles.

A análise feita por muitos economistas vê o fraco desempenho da economia como resultado do desemprego que se conta aos milhões, e da escandalosa taxa de juros. Um desses economistas é Antônio Corrêa de Lacerda, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), para quem “o desemprego ainda é muito alto e o emprego que surge é ruim. Há ainda os juros. As quedas nas taxas básicas não chegaram ao crédito, que continua caro”, explica ele, apontando a responsabilidade da política econômica neste quadro de paralisia.

Os brasileiros rejeitam frontalmente a Temer e não aceitam as medidas econômicas de seu governo, que favorecem apenas os muito ricos, brasileiros e estrangeiros, e congelam a economia do país, que parou de crescer e patina no lamaçal criado pelo governo parido do golpe.

A última pesquisa do Datafolha, divulgada no domingo (3), mostra um Temer esquálido – é rejeitado por 71% dos brasileiros, que consideram seu governo ruim ou péssimo e apenas 5% o aprovam. E a percepção do futuro pelos brasileiros, muito pessimista, é medida na mesma escala de desalento: 50% dos entrevistados temem o aumento do desemprego, e 26% acham que ficará como está – isto é, três em cada quatro brasileiros não acreditam que 2018 será melhor.

A mídia patronal transpira um otimismo falso que os brasileiros não aceitam. Torce os números para tentar vender um peixe malcheiroso. Quem acredita em tantas mentiras?