A unidade dos trabalhadores na luta contra o golpe

Depois da decisão do Senado Federal de instalar formalmente o processo de afastamento da presidenta Dilma Rousseff, o golpe midiático-político-judicial entrou em nova fase. E cresceu o assanhamento da direita pelo afastamento definitivo da presidenta legítima.

Ao mesmo tempo em que os golpistas se apressam em maquiar com algum farrapo de legalidade o governo ilegítimo de Michel Temer, avançam as medidas de ajuste fiscal, a entrega do patrimônio público nacional, a destruição de conquistas sociais obtidas nos últimos 12 anos e as ameaças sobre os direitos dos trabalhadores consolidados há décadas. Em pouco mais de 90 dias o governo interino arma o maior e mais profundo desmonte do patrimônio nacional e das conquistas sociais, capaz de causar danos irreparáveis à nação e ao povo brasileiro.

Até o momento o governo interino enfrentou significativas reações contra a tentativa de extinção do Ministério da Cultura – revertida graças a uma forte pressão social –, o desmonte de políticas setoriais voltadas à habitação, direitos das mulheres, dos jovens, dos negros, do segmento LGBT e outros; a tentativa de impor um redirecionamento na educação através do projeto Escola sem Partido e a redução de verbas para o ensino público. A sociedade tem se mostrado atenta e disposta a defender suas conquistas.

Uma grande reação, com grande potencial, começa a ganhar corpo a partir dos efeitos maléficos das medidas do governo que afetam a vida dos trabalhadores. Há algumas semanas, seis centrais sindicais organizaram uma manifestação unitária contra as elevadas taxas de juros e em defesa do emprego. Para esta terça-feira (16) as oito centrais sindicais do país, numa iniciativa unitária inédita, convocaram o Dia Nacional de Mobilização tendo como bandeiras principais a defesa dos empregos e da garantia de direitos dos trabalhadores.

Na convocatória as centrais conclamam os trabalhadores a ocuparem as ruas para barrar as propostas que retiram os direitos dos trabalhadores e a necessidade de aumentar os níveis de emprego. O documento assinado pela CTB, CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central, CSP-Conlutas, CGTB e Intersindical é enfático: “As medidas apresentadas pelo governo interino de Michel Temer (PMDB) são medidas contra você, trabalhador/a”. Ou seja, objetivamente, os trabalhadores e as trabalhadoras irão às ruas contra o governo golpista, antipopular, antidemocrático e antinacional.

A luta contra as medidas do governo golpista vai forjando uma indispensável unidade na luta dos trabalhadores. Independente das opiniões políticas que cada central sindical tenha, o que é democraticamente justo e até saudável, a divisão na defesa dos direitos dos trabalhadores não é concebível, não tem justificativa, e essa ação unitária deve ser saudada como um acontecimento de grande relevância. Ao defenderem seus diretos ameaçados por medidas do governo, os trabalhadores contribuem para aumentar a ilegitimidade de Michel Temer justamente quando ele e seus parceiros golpistas tentam se apoderar de vez do governo.

O cenário que se arma para o final de agosto é o de acirramento do confronto entre os defensores da legalidade e da democracia, contra os que querem a todo custo impor o retrocesso e a eliminação do projeto democrático e popular iniciado com a posse na Presidência da República de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003.

O destino do povo e o futuro da democracia e desenvolvimento do Brasil estão em jogo. O papel das ruas e do movimento social para derrotar o golpe tem enorme importância. A entrada em cena dos trabalhadores, unidos, pode impulsionar um forte sentimento contra o golpe, ampliar o isolamento político de Temer e contribuir para a restauração da normalidade democrática no país.