A dupla marca nas Olimpíadas: orgulho nacional e a vaia a Temer  

 
A abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, ocorrida na noite de sexta-feira (5) foi uma festa maravilhosa e bem brasileira. Pouco de pirotecnia tecnológica, muito de sentimento e participação humana. 
 
Foi uma festa progressista que incluiu o Hino Nacional cantado por Paulinho da Viola, a delegação dos atletas refugiados políticos no desfile, a modelo Lea T portando a placa com a indicação “Brasil” abrindo a delegação de nosso país – e também a estrondosa vaia para o impostor Michel Temer.
 
O mundo democrático assistiu ao constrangimento de um impostor sem coragem nem condições de, ocupando a Presidência da República, aparecer ao público e representar o Brasil numa solenidade tão importante.
 
A abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro provoca um sentimento contraditório nos democratas.
 
De um lado a festa coroa e dá seguimento a grandes eventos internacionais ocorridos no Brasil, como os Jogos Pan-Americanos (2007), a Copa do Mundo de Futebol (2014) e, agora, os Jogos Olímpicos. 
 
Todos eles foram conquistas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e honram os brasileiros. Correspondem às grandes esperanças de mudança econômica, social e política que atraíram a atenção e admiração do mundo.
 
São festas internacionais que demonstram a força criativa e organizativa dos brasileiros, ao lado do vigor da economia, que é uma das 10 maiores do planeta. E, no passado recente, mostraram a vitalidade da democracia brasileira.
 
Aqui está o sentimento ruim que a abertura das Olimpíadas provoca: a democracia está hoje sob séria ameaça. O risco de retrocesso foi exposto ao mundo na vaia que mostra a rejeição dos brasileiros ao golpe de Estado em andamento, que deu origem ao governo interino impostor. E cuja falta de legitimidade pode ser vista na própria delegação de chefes de Estado e governo que veio ao Rio de Janeiro. Nela se destacam apenas os presidentes da França, François Hollande (que pleiteia a escolha de Paris como sede das Olimpíadas de 2024), e da Argentina, Mauricio Macri, que reza por cartilha semelhante à do impostor Michel Temer e seu “chanceler”, o tucano José Serra.
 
O mundo acompanha os brasileiros de espírito democrático e não aceita o golpe de Estado da direita e dos conservadores brasileiros.
 
A ambiguidade de sentimentos é real, da mesma forma como é verdadeiro o orgulho nacional que os Jogos Olímpicos revelam, e reforçam.
 
O deputado comunista Orlando Silva (PCdoB-SP) tem razão quando aponta esse reforço do orgulho nacional. Ele foi ministro dos Esportes e, nessa condição, teve atuação decisiva para, junto ao presidente Lula, trazer ao Brasil estes eventos do esporte mundial.
 
Com uma ponta de orgulho ele diz: os Jogos Olímpicos permitem que o mundo “conheça a força deste país”. E ao mesmo tempo reforçam a percepção da “violação grave à democracia que nosso país vive nesse momento”.
 
Estes sentimentos apareceram com força na abertura dos Jogos Olímpicos. Um, o orgulho nacional de receber o mundo em nosso país e exibir tudo o que os brasileiros conquistaram. O outro, a denúncia da violação da democracia e do retrocesso que o golpe significa.
 
Uma festa de abertura como a vista teve essa marca dupla, a do orgulho nacional, e a da estrondosa vaia a Michel Temer. Não podia ser de outro jeito!
 
A generosidade e beleza exibidas na abertura só podiam repelir Temer, que é o contrário de tudo aquilo que a festa representa.