Isolar internacionalmente o Estado fora da lei de Israel 

Os episódios do último fim de semana são reveladores de que a solidariedade internacionalista, de massas, se fez presente em diversos países, ao lado do povo martirizado da Palestina, no momento em que os sionistas israelenses levam adiante contra esse povo brutal ofensiva com caráter genocida.

Milhares de pessoas em diversas capitais saíram às ruas no último sábado (19), com destaque para a grande manifestação realizada em Londres, com mais de cem mil pessoas, que protestaram contra o massacre perpetrado pelos sionistas, solidarizaram-se com o povo palestino e clamaram pela paz. Em Paris, inusitadamente, a polícia proibiu e reprimiu uma manifestação pró-palestinos.
No Chile, cerca de cinco mil pessoas saíram às ruas com uma bandeira palestina gigante, a demonstrar descontentamento com as ações do governo israelense. “O mundo cala, a Palestina resiste”, dizia um dos cartazes. Belgas, sul-africanos, turcos, indonésios, alemães, estadunidenses e até israelenses também manifestaram solidariedade à causa palestina.

Em São Paulo, dezenas de movimentos sociais e partidos políticos promoveram ato unificado de solidariedade ao povo palestino diante do Consulado de Israel. Por volta de cinco mil pessoas estiveram presentes demonstrando seu repúdio à agressão do regime sionista.

Em declarações ao Portal Vermelho por telefone, desde Ramallah, Palestina, Muna Namura, da União Geral de Mulheres Palestinas, membro do Conselho Nacional Palestino e da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), falou sobre a importância dos protestos internacionais: “Em primeiro lugar, porque pressionam para encerrar a guerra, encerrar a ocupação, proteger os civis e terminar os ataques contra Gaza por ar, terra e mar. Israel deveria ser punido pelo direito internacional. Em segundo lugar, porque precisamos sentir a solidariedade. A resistência reage contra os soldados, enquanto Israel ataca os civis. Nós nos defendemos, enquanto os apoiadores de Israel dizem que eles têm o direito de se defender. Nós precisamos de apoio, precisamos da solidariedade internacional”.

Por seu turno, a presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, afirmou que a tendência é que “esses protestos aumentem em tom, quantidade e contundência e que sejam cada vez mais fortes as denúncias e o repúdio ao regime israelense de apartheid, no Brasil e no mundo”.

Os protestos populares são um fato alvissareiro, que devem se repetir em outras cidades, sob os auspícios das entidades dos movimentos sociais. Esses movimentos, os partidos e organizações de esquerda, ao tomarem a frente dos protestos contra os crimes de Israel na Palestina, constituem um fator ponderável para formar uma consciência social que se transforme em mobilização, a fim de deter a mão assassina dos agressores israelenses.

Mas isto não é suficiente. O isolamento do Estado sionista requer a mobilização dos Estados nacionais e o acionamento das Nações Unidas. Israel comporta-se como Estado pária, país bandido, à margem e contrário ao direito internacional, faz chicana e tábula rasa das instituições multilaterais, das normas e resoluções da ONU. Age de maneira desenfreada como se fora o nazi-fascismo dos nossos dias, acobertado pelo indefectível apoio do imperialismo estadunidense e da União Europeia, baseado em descomunal força militar e poder nuclear. Os crimes de lesa-humanidade que comete são incompatíveis com os valores proclamados da democracia e dos direitos humanos, que deveriam reger as relações internacionais, e estão em desacordo com a tendência da época que aponta para o reforço da luta pelo multilateralismo, a cooperação e a paz. Por isso, a todos os títulos, o Estado sionista e seus governantes merecem severa e exemplar punição.

O Brasil, país democrático e progressista, que pratica uma política externa favorável ao multilateralismo e à paz, que desempenha papel destacado no sistema das Nações Unidas, pode e deve dar sua contribuição nesse sentido. Não honra as nossas tradições pacifistas e democráticas a continuidade de negociações com Israel para o estabelecimento de acordos de livre comércio no âmbito do Mercosul. Menos ainda a existência de cooperação na esfera militar.

A rigor, nenhum país democrático, pacifista e civilizado deveria manter sequer relações diplomáticas com um Estado e um governo que violam sistematicamente o direito internacional e cometem crimes de lesa-humanidade. Se isto não está ao alcance da atual correlação de forças, que ao menos cessem as negociações sobre o livre comércio e se rompa a cooperação na esfera militar.