A emergência do protagonismo político e social dos trabalhadores

A realização do primeiro congresso da Federação Interestadual de Metalúrgicos do Brasil (Fitmetal) no último final de semana em São Paulo traz à tona um elemento político e social que se encontra esquecido na mídia e mesmo entre os partidos – a participação e a organização política dos trabalhadores.

Desde junho do ano passado, as atenções se concentram no “novo tipo” de mobilização social – sem partidos, sem sindicatos – e voltadas para objetivos parciais e fragmentados. Ultimamente, todo o protagonismo social é atribuído a manifestações de objetivo nebuloso – aquelas que se voltam contra a realização da Copa do Mundo no país – marcadas por atos de violência e alianças espúrias, inclusive com facções do crime organizado.

A realização de congressos como o da Fitmetal contribui para trazer à tona no debate político – e ideológico – o insubstituível papel na luta política e social da organização independente e classista do proletariado, no âmbito do movimento sindical, mas não só, como instrumentos representativos e de luta por sentidas reivindicações, por orientações políticas justas, por uma organização sólida e uma intervenção política e social que faça com que os trabalhadores desempenhem papel de peso e destaque na vida política e social e conquistem vitórias.

Desde 2003, com a tomada de posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República, o Brasil ingressou num novo período histórico, um ciclo progressista, hoje continuado sob a liderança da presidenta Dilma Rousseff, que tem tudo a ver com a luta dos trabalhadores. Um balanço realista e equilibrado mostra que no período – e já se vão 12 anos – o Brasil e a vida dos trabalhadores melhoraram. A política de valorização do salário mínimo alcançou um aumento real de 72,31% de 2002 a 2014 e beneficia diretamente 48,2 milhões de brasileiros. É o maior valor real do salário mínimo desde 1983 e hoje compra 2,2 cestas básicas, segundo o Dieese.

Vale ressaltar que a luta organizada dos trabalhadores tem conquistado melhores convenções e acordos coletivos. Em 2013, por exemplo, 87% das campanhas salariais pesquisadas pelo Dieese foram concluídas com aumento real, 7% com reposição da inflação e apenas 6% resultaram em reajustes abaixo da inflação. Na indústria, as campanhas com aumento real foram ainda melhores, atingindo o índice de 89%.

Não cabe dúvida de que essas medidas, associadas aos programas sociais de transferência de renda, promoveram avanços sociais no país, com a diminuição das desigualdades sociais e da pobreza extrema. A renda do trabalho continuou em alta, alimentando o consumo doméstico.

Politicamente tem havido avanços para os trabalhadores. As centrais sindicais tiveram reconhecimento formal e ampliou-se a democracia, com a abertura de espaço para maior participação e protagonismo da classe trabalhadora e seus representantes. A reforma trabalhista idealizada pelo PSDB foi rechaçada e muitas reivindicações do movimento sindical têm sido atendidas.

O Brasil avança em meio a um quadro político marcado por contradições e limites, próprios de uma correlação de forças ainda difícil para o campo progressista. São fortes as pressões e chantagens da oligarquia financeira, que procura impedir a todo o custo o percurso de um caminho de desenvolvimento alternativo ao modelo neoliberal. O fator diferencial que pode alterar o peso da balança é o protagonismo político e social do proletariado.

Por isso, ganha relevo a luta por um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, distribuição de renda e justiça social, com a realização de reformas estruturais democráticas e o fortalecimento das organizações dos trabalhadores.