Americanos lembram 11/9 num mundo cada vez mais inseguro

Um dos jornais mais prestigiados dos Estados Unidos, o New York Times, convidou dez personalidades ligadas de uma forma ou de outra com os problemas de segurança nacional, para responder duas perguntas diretas: Qual a principal razão pela qual os EUA não sofreram ataques terroristas desde 11 de setembro de 2001? E qual seria a principal recomendação que estes especialistas fariam para impedir que novos ataques ocorressem no futuro? Todos, de forma geral, defenderam com algumas ressalvas ou abertamente as atitudes e ações do atual presidente do país, George W. Bush, para combater o terrorismo.



As recomendações apontadas pelos que atenderam ao convite do jornal vão desde a constatação de que os americanos não foram capazes de impedir atentados como os que ocorreram em Madri, na Espanha, no metrô de Londres, na Inglaterra, e em Istambul, na Turquia – até a necessidade dos EUA darem “algum tipo de esperança aos muçulmanos”, pois “não se pode decapitar uma ideologia”. Neste sentido deveriam inclusive apontar para uma alternativa ideológica que apresentasse formas de luta não-violentas.



Um destes especialistas debita o suposto sucesso americano à ofensiva desencadeada pelo exército e as instituições de segurança do país contra várias nações como o Afganistão e o Iraque, utilizando-se de ações militares e paramilitares, ataques chamados de “preventivos”, ameaças de toda a ordem e prisões de lideranças muçulmanas, destruição de campos de treinamento, estruturas de comunicação e ações permanentes de inteligência. Mas exige também mais atitudes do governo Bush, como adotar medidas mais duras de controle ideológico sobre a internet e as comunicações telefônicas, rompendo as barreiras legais que possam impedir o controle por parte do governo de informações estratégicas para segurança nacional dos EUA. Somente assim, afirma ele, poderemos enxergar o 11 de setembro como mais um dia para recordações e péssimas memórias, além de oportunidades perdidas.



Por fim, outro dos convidados do New York Times, conclui que a ação de Bush procurou defender os “valores da sociedade americana, como a liberdade, a democracia, o império da lei, a igualdade dos seres humanos” etc. Resta saber qual seria este conceito de “liberdade”, que permite a maior ofensiva fascista de que se tem notícia nos EUA desde a época do macartismo contra os direitos do cidadão americano, como a violação de escuta telefônica dentro e fora do país? Resta saber qual o conceito de “democracia”, que permite a invasão de países soberanos, com governantes eleitos por seus respectivos povos, sob argumentos reconhecidamente falsos como o que afirmava que o presidente do Iraque teria armas de destruição em massa? Este tipo de argumento foi recentemente desmascarado por investigação do próprio Congresso norte-americano. Resta saber também qual o conceito de atuar sob o “império da lei”, já que todas estas medidas discricionárias adotadas pelos sistemas de segurança dos EUA passam por cima da própria legislação americana e freqüentemente rasgam todos os acordos do direito internacional ? Falar em defesa da “igualdade dos seres humanos”? São tantos os argumentos de que os EUA com Bush à frente promovem sistematicamente exatamente o contrário, em toda a linha, sob os mais variados aspectos, que não há espaço editorial suficiente para enumerá-los.



Ao final cabe lembrar que o sentimento dos povos do mundo inteiro nunca esteve tão consciente do papel nefasto e contra a liberdade, a democracia, o respeito ao império da lei e à igualdade dos seres humanos exercido por Bush e seu exército nos EUA e em vários países nos cinco continentes.