Venezuela e China: parceria estratégica, perspectiva socialista

A visita do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, à República Popular da China, iniciada na última sexta-feira (20), tem muito significado para o país bolivariano e reflexos nas relações entre os países da América Latina e o gigante asiático. 

São eloquentes nesse sentido as palavras do sucessor do comandante Hugo Chávez ao concluir a 12ª reunião da Comissão Mista Venezuela-China, neste domingo (22): "A Venezuela já estará cavalgando o ansiado sonho do desenvolvimento econômico, da sustentabilidade econômica, da diversificação econômica, e estou seguro de que ao seu lado estará cavalgando um país irmão – a República Popular da China”.

A dimensão atingida pela cooperação econômica sino-venezuelana se expressa por meio dos 24 acordos nas áreas de infraestrutura, habitação, energia, alta tecnologia, telecomunicações, transporte terrestre, finanças, petróleo, mineração e gás. Os acordos subscritos incluem aqueles que foram pactuados com 20 grandes empresas chinesas que já têm investimentos na Venezuela, às quais Maduro assegurou ser a Venezuela o território ideal para investimentos, não somente para o mercado e a economia venezuelanos mas como plataforma para o mercado e a economia integrados que está surgindo na região.

O significado que as relações econômicas com a China têm para a Venezuela pode ser aquilatado ainda pela proposta que fez Maduro de designar uma comissão especial de planificação para elaborar o plano estratégico de desenvolvimento integral da aliança China-Venezuela para os próximos 10 anos.

Ressalte-se que essas relações, que ganharam impulso a partir da iniciativa do comandante Hugo Chávez, se baseiam nos princípios do benefício mútuo, dos ganhos compartilhados, da planificação e da máxima eficiência.

A Venezuela está jogando a cartada chinesa para superar o principal ponto de estrangulamento ao seu desenvolvimento econômico-social – a dependência exclusiva da produção petrolífera, o rentismo petroleiro, a dependência exclusiva desta commodity, um modelo periclitante que tornou o país dependente de importações, até mesmo de alimentos, por mais de um século . A direção bolivariana está, assim, consciente da necessidade premente de diversificar a economia, para o que conta com a parceria estratégica com a China.

“É com a China, como visualizou o comandante Chávez há 20 anos, que a Venezuela atravessará o século 21 como um século de desenvolvimento, de oportunidades e diversificação”, asseverou Maduro.

A China, por seu turno, que já desenvolve relações de parceria estratégica com países latino-americanos, tem todo o interesse em diversificar ainda mais os seus investimentos, o comércio e relações políticas, o que tem profundas implicações na alteração da correlação mundial de forças. O presidente do gigante asiático disse a Maduro que está disposto a levar adiante e elevar a novo patamar as relações bilaterais. É fator importante na atual conjuntura internacional que a China desenvolva relações amistosas e de cooperação com a América Latina, sempre com base nos princípios do respeito mútuo, da soberania, da não agressão, da não ingerência, da igualdade e dos benefícios recíprocos.

A visita do presidente venezuelano à China teve também caráter de cooperação política e ideológica, o que se expressou por meio da conferência que o líder bolivariano pronunciou na Escola de Formação de Quadros do Partido Comunista Chinês, durante a qual discorreu sobre o “socialismo bolivariano” e o legado do líder da revolução Bolivariana, Hugo Chávez.

Ao lançar o brado de realizar a “batalha das ideias”, perante dirigentes e quadros de um sólido e ideologicamente consistente Partido Comunista no poder, Nicolás Maduro dá enorme contribuição para firmar e difundir conceitos essenciais da nova luta pelo socialismo, em contraste com as "antigas e decadentes fórmulas capitalistas e neoliberais do passado".

Foi, sem sombra de dúvidas, um encontro de alto nível entre forças políticas que lutam, com suas peculiaridades nacionais, para abrir novos caminhos na história, o que faz parte da acumulação revolucionária de forças na época atual.