O desespero dos golpistas

O desespero contaminou de vez o comando de campanha do direitista Geraldo Alckmin. “A gente tapa um furo, mas têm outros e, por mais que a gente tire água com balde, a canoa vai enchendo”, desabafou ontem, à Agência Estado, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI), um dos coordenadores desta campanha. Seguindo a orientação do golpista-mor FHC, que afirmou que “o povo quer sangue” e ordenou apimentar as baixarias na televisão, a oposição liberal-conservadora esperava que as últimas sondagens eleitorais já indicassem um crescimento da candidatura Alckmin. Mas o feitiço parece que se virou contra o feiticeiro.



Lula continua subindo nas pesquisas e bate recordes nas sondagens espontâneas, que revelam o grau de consistência de sua candidatura. Já as pesquisas qualitativas confirmam que o eleitor encara as baixarias como desespero dos derrotados. “Eu esperava que a gente estivesse melhor nas pesquisas”, comentou o desanimado Tasso Jereissati, presidente nacional do PSDB. “O programa de televisão não trouxe impacto e até agora a campanha está fria”, choramingou. Para piorar a crise do bloco direitista, muitos prefeitos e mesmo governadores já abandonaram a campanha e crescem as brigas internas. O pior desempenho de Alckmin no Nordeste se dá em Pernambuco, exatamente na terra do seu vice, José Jorge (PFL).



Diante deste quadro, que ainda não é definitivo e nem permite qualquer postura de salto alto e arrogância – “o jogo só termina quando o juiz dá o apito final”, costuma alertar o presidente Lula –, já é possível tirar duas conseqüências. A primeira é de que a direita neoliberal mais hidrófoba não está disposta a recuar e a apostar numa oposição mais civilizada, como ainda sonham alguns mercadores de ilusão adeptos da fugaz conciliação de classes. FHC já disse que é preciso “um novo Lacerda”, ressuscitando o sinistro golpista que se jactava do suicídio de Vargas e do golpe militar contra Goulart. Já a mídia, decepcionada por não ter conseguido “fazer a cabeça” do povo, insinua que um segundo governo Lula não terá legitimidade. Ou seja: não dá para confiar nesta gente golpista e o melhor antídoto é acelerar as mudanças no país.



Por outro lado, o favoritismo da candidatura Lula aumenta as possibilidades da eleição de governos estaduais progressistas e de uma forte bancada no parlamento. Diferentemente da Venezuela ou da Bolívia, o primeiro mandato do presidente Lula padeceu da ausência de maioria nos executivos estaduais e no Legislativo o que dificultou sua atuação. Nesta reta final, é preciso que a campanha dos candidatos progressistas vá ao encontro do vasto eleitorado “lulista” com a mensagem de que a eleição de uma forte bancada de sustentação, combinada com uma justa política de alianças, será decisiva para o êxito do segundo governo do presidente Lula.