''O vermelho sou eu'', diz Lula

Em resposta a questionamentos de que estaria ''escondendo o PT'', o presidente Lula partiu para a ofensiva declarando em reunião com intelectuais em São Paulo, na semana passada, que ''o vermelho sou eu''. Fundamenta sua posição na orientação de políticas sociais implementadas em seu governo, na política de valorização do salário mínimo, no ambiente criado na esfera econômica que tem propiciado aumentos salariais acima da inflação, em uma política externa independente dos ditames do unilateralismo dos EUA e o fim da dependência do FMI, entre outras questões.


 


O baixo índice de crescimento do PIB no segundo trimestre de apenas 0,5% animou, no entanto, o discurso desesperado do consórcio PSDB/PFL. ''É claro que este resultado é ruim, reflete um erro de dosagem nos juros lá atrás, já corrigido. Mas o eleitor está se guiando é pelos indicadores de renda, pelo poder de compra e pelo emprego'', diz um dos coordenadores da campanha de Lula, Ricardo Berzoíni. De fato, o nível de emprego está crescendo acima do PIB pelo terceiro ano consecutivo, o salário mínimo teve aumento real de 8% em 2004 e de quase 12% em abril/maio deste ano. O preço dos alimentos, o crédito mais abundante, o preço do cimento, do gás de cozinha e o Luz para todos, dão alento ao eleitorado de baixa renda. O governo promete crescimento de 4,75% para o ano que vem.


 


Por outro lado, os resultados positivos nas últimas pesquisas, que não autorizam ainda a certeza de que Lula poderá ganhar no primeiro turno, desencadearam uma série de manifestações de analistas conservadores desencantados com a intenção de voto do povo. O colunista e diretor do jornal Folha de S. Paulo, Octavio Frias de Oliveira, escreveu artigo argumentando que ''a 37 dias da votação, seu favoritismo (de Lula) segue impávido nas pesquisas. É evidente que a decisão do eleitor será soberana (não existe um Carlos Lacerda propondo melar as regras do jogo). Mas se o veredicto for esse, dispensando o segundo turno, a afoiteza do eleitor terá prejudicado a qualidade democrática desta eleição''. O interessante é que ele não diz uma palavra sobre outros processos eleitorais nos estados que indicam decisão no primeiro turno.


 


Declaração recente de Jefferson Péres, vice do candidato Cristovam Buarque (PDT), critica violentamente a consciência do povo, pois segundo ele o ''eleitor brasileiro está anestesiado diante dos escândalos'', ''o eleitorado e a sociedade passaram a ficar mais tolerantes'' (…) Por isso tudo e mais alguma coisa resolveu dizer que estará fora da política parlamentar ao final de seu mandato de senador. Já o jornalista Arnaldo Jabor, em entrevista à revista Veja desta semana, reafirma que a eleição de Lula foi resultado da ignorância do eleitorado e da utopia dos intelectuais. A mesma edição de Veja, diante do crescimento do apoio popular a Lula resolveu publicar um editorial com o mote ''Lula é melhor que o PT'', tentando separar o presidente de seu partido, frase que já havia sido publicada uma semana antes por Delfim Netto, em artigo também publicado na Folha de S. Paulo.


 


Neste contexto, as forças políticas e sociais que sustentam a candidatura Lula precisam ir à ofensiva, desmascarando esse pensamento retrógrado da direita que sataniza política. A campanha de Lula, armada com o programa de governo recém divulgado, necessita, também, ir mais ainda ao encontro do eleitorado, transformando grandes contingentes do povo em ativistas para assegurar a vitória da reeleição de Lula.