Quem ameaça a paz mundial

O último fim de semana foi repleto de movimentações políticas na arena internacional – nem sempre com o devido destaque na mídia, preocupada que se encontra com a descoberta do elo geopolítico que explique o ataque a bomba durante a Maratona de Boston e achar um novo alvo para a “guerra ao terrorismo”… a Chechênia.

As movimentações, encobertas como atos da “diplomacia” dos Estados Unidos, são reveladoras de que este imperialismo está em plena ação para assegurar posições estratégicas nos focos de guerra que ele próprio cria.

O secretário da Defesa estadunidense, Chuck Hagel, chegou neste domingo (21) em Tel Aviv com mísseis e outras armas na bagagem e ameaças de guerra na boca. Ao firmar contratos de vendas e doação de equipamentos militares ultramodernos ao regime de Israel, o chefe do Pentágono disse que este ato é um “sinal muito claro ao Irã de que a opção militar continua sendo uma opção”. Baseou a diatribe numa tese desgastada, a de que o programa nuclear do Irã tem intenções militares, alegações que Teerã já desmentiu reiteradas vezes.

As outras escalas da viagem do secretário da Defesa do imperialismo estadunidense são os Emirados Árabes Unidos e o Reino da Arábia Saudita, países aliados governados por regimes fantoches, sempre dispostos a desempenhar um papel de cabeça de ponte a favor dos planos belicistas dos Estados Unidos na região.

Em outra frente de luta no Oriente Médio, Washington anunciou no último sábado (20), na Turquia, que destinará mais US$ 123 milhões à oposição armada síria como ajuda material aos mercenários que buscam derrocar o governo de Bashar al-Assad. Isto, sem contar as armas e outros equipamentos militares que são entregues ilegalmente a esses bandos por regimes da região hostis à Síria, com o beneplácito dos Estados Unidos, da União Europeia e da Otan, máquina monstruosa de guerra sempre a postos para intervir onde considere que os interesses imperialistas se encontram “ameaçados”.

O anúncio foi feito pelo próprio secretário de Estado norte-americano, John Kerry, durante reunião do autodenominado Grupo de Países Amigos da Síria na Turquia – na verdade um agrupamento hostil ao país árabe – quando assinalou que o presidente Barack Obama pediu para que “aumentem nossos esforços” contra Damasco.

Paralelamente, embora com um nível de tensão menor do que em semanas anteriores, seguem os impasses na Península Coreana, onde permanece intacta a presença militar e nuclear estadunidense. No vaivém diplomático para iniciar o diálogo entre as Coreias e as potências envolvidas no assunto – Estados Unidos, Japão, Rússia e China – as posições se afiguram, neste momento, inflexíveis: os Estados Unidos não se mostram dispostos a retirar suas armas nucleares da península nem a levantar as sanções à Coreia Popular, que, por seu turno, anunciou que não aceita propostas de “desnuclearização unilateral”.

Enquanto isso, mesmo depois de o presidente Maduro estar empossado e já em funções, em meio a intensa mobilização popular e amplo respaldo em todo o mundo – reveladores da profundidade da democracia no país bolivariano e de seu prestígio internacional – os Estados Unidos continuam “exigindo”, na solitária companhia do derrotado Capriles Radonsky, a recontagem de votos na Venezuela como condição para reconhecer o novo presidente. A América Latina está vivendo um bom momento, de estabilidade e aprofundamento da democracia. As declarações e ações de autoridades estadunidenses de caráter intervencionista visam a criar uma situação de caos e confrontação.

As ameaças de guerra no mundo provêm do imperialismo. O discurso em favor da “desnuclearização unilateral” do Irã e da Coreia Popular é hipócrita, porquanto tem como pressuposto o monopólio das armas nucleares por um grupo fechado de países e a admissão da posse de armas nucleares pelo regime de Israel, o único país do Oriente Médio possuidor desse tipo de armamento, graças ao apoio dos Estados Unidos.

Estas ameaças devem ser combatidas por meio de uma ampla, profunda e enérgica luta pela paz, que envolva e congregue todas as forças suscetíveis de serem unidas, o que pressupõe, por óbvio, tomar em consideração os interesses dos povos e nações independentes e as posições dos países e governos que estão no alvo das ameaças de agressão do imperialismo.