A crise na campanha tucano-pefelista

Com o início da propaganda no rádio e na televisão, a campanha do campo de apoio ao presidente Lula superou os primeiros obstáculos nestas semanas da segunda grande fase da corrida eleitoral. Os dados divulgados pela 4ª. pesquisa Ibope na última sexta-feira, mostram Lula 11 pontos à frente de todos os seus competidores juntos, com 47% das intenções de voto (três pontos percentuais a mais do que no 1º. Ibope de julho) enquanto que Alkmin despencou de 27%  para 21% (ou seja, 6 pontos percentuais a menos em relação à primeira pesquisa realizada em julho). Este resultado caiu sobre o ninho tucano-pefelista como uma bomba, pois a perspectiva vislumbrada pelos responsáveis do comando oposicionista era de que Lula cairia com o desempenho segundo eles sofrível do candidato à reeleição durante a entrevista ao Jornal Nacional  da Rede Globo e o não comparecimento ao primeiro debate promovido pela Rede Bandeirantes.


 


Em reunião de emergência realizada em Brasília na sexta-feira, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati, aconselhado pelo ex-presidente Fernando Henrique na noite anterior, deu um prazo limite para que Alkmin decole: se isso não ocorrer até a primeira quinzena de setembro, a eleição será considerada perdida. A crise se espraia às campanhas estaduais. De todos os candidatos coligados a Alkmin no Nordeste, apenas o pefelista João Alves, em Sergipe, teve a coragem de colocar o nome do candidato a presidente em seu material de campanha. Todos os outros escondem Alkmin, até o candidato ao governo de Pernambuco, o pefelista Mendonça Filho, que conta com o apoio do próprio vice da chapa presidencial de Alkmin, José Jorge (PFL). O guru marqueteiro do PSDB/PFL, Antonio Lavareda, deu a justificativa quando declarou ''se o Alkmin se fortalecer, é óbvio que as campanhas estaduais vão se encontrar com a eleição presidencial''. O ministério Público de Pernambuco entrou com representação no TRE local pedindo que seja proibido o uso de imagens do presidente Lula no programa eleitoral da coligação União por Pernambuco, do candidato Mendonça Filho.


 


De fato, os brasileiros que ainda estão em dúvida vão depositando crescente desconfiança no programa eleitoral da chapa Alkmin/José Jorge. O argumento dos tucanos apoiadores de Alkmin em São Paulo — reagindo às críticas feitas ao desempenho da educação nos governos do PSDB de que ''a qualidade do ensino em São Paulo é ruim porque tem muita gente na escola'' — não escondem seu fundamento antidemocrático. Lula, em seu discurso no último sábado no bairro de Campo Limpo, em São Paulo, lembrou que durante o governo FHC se fazia uma avaliação do nível de qualidade nas escolas públicas em apenas 6 mil escolas, envolvendo 240 mil alunos. No atual governo, a avaliação escolar Prova Brasil passou a ser feita em 41 mil escolas, envolvendo 3 milhões e 600 mil alunos. O estado de São Paulo não quis realizar a prova para não revelar a situação precária da educação sob o signo do PSDB.


 


Assim como no quesito educação, na esfera da saúde, da exportação, do emprego e da recuperação do poder de compra do salário mínimo, o governo liderado por Lula apresenta resultados muitas vezes superiores aos que dirigiram o país por oito anos e aplicaram a receita neoliberal da destruição do estado nacional, privatizando serviços públicos essenciais e de caráter estratégico. O desafio agora é não apenas comparar as conquistas destes três anos e meio de um governo democrático e popular em relação aos dois governos de FHC, mas de lançar ao conhecimento da opinião pública os compromissos programáticos para os próximos quatro anos que os partidos que dão sustentação à campanha de reeleição de Lula elaboraram.