A direita e os dez anos de governos democráticos e populares

A oposição de direita e neoliberal oscila entre o patético e o lamentável na reação à comemoração dos dez anos da série de governos democráticos e populares iniciada com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e continuada por Dilma Rousseff desde 2011.

A mídia conservadora e os parlamentares da oposição na Câmara dos Deputados e no Senado tentam impingir o caráter de lançamento da candidatura da presidenta Dilma à reeleição à festa realizada em São Paulo na última quarta-feira (20) para comemorar os dez anos que mudaram o Brasil.

O tucano da vez, o senador Aécio Neves, chegou ao desplante de tentar alinhar os 13 pecados cometidos nestes últimos dez anos pelos governos de Lula e Dilma. Os discursos do senador mineiro que pretende ser ungido, em 2014, para concorrer pela direita à sucessão presidencial, e dos ventrículos da mídia conservadora são, como bem caracterizou o presidente nacional do PCdoB, discursos "de desespero". Eles apenas revelam o apego ao passado de atraso, empobrecimento do país e do povo e humilhação nacional que jaz na história, sepultado pelos grandes avanços alcançados pelo povo e pelo país desde 2003. A oposição não tem alternativa a apresentar para a sociedade brasileira, enfatizou o dirigente comunista, refletindo aliás uma opinião que já é um amplo consenso que se espraia pelas várias forças políticas do país.

O esforço do conluio neoliberal para eleitoralizar as ações políticas se acentua desde o desastre que foi a eleição do ano passado para a direita. Desde então, a direita vasculha o cenário eleitoral em busca de melhorar suas chances. Vai desde a tentativa de patrocinar rachas no campo progressista – o esforço para seduzir o governador pernambucano Eduardo Campos, do PSB, tem esse sentido – até o ilusório caminho para fragilizar a esquerda com a construção da Rede de Marina Silva, cuja inconsistência vai ficando cada vez mais clara.

Na verdade, o campo tucano-neoliberal precisa desesperadamente construir palanques para apresentar, à sociedade, seu novo paladino, o senador Aécio Neves, e construir em torno dele sua alternativa presidencial. Esforço que não está sendo fácil para a direita.

Nem poderia ser. O Brasil mudou nestes dez anos. Reencontrou o caminho do desenvolvimento e da criação de empregos com valorização do trabalho e distribuição de renda. Lula, Dilma e as forças da base aliada dão uma lição ao mundo que se esvai na mais profunda crise econômica desde 1929. Nestes dez anos o Brasil provou ser possível crescer e distribuir renda, que a preocupação com a economia não pode ser separada do social. Ajudou a ultrapassar a aposta neoliberal de que os ganhos do capital devem ser preservados a todo custo, sob a falsa ideia de criar oportunidades para todos. Não criou. Nas décadas de hegemonia neoliberal na América Latina e no Brasil empobreceu o povo, enfraqueceu a economia e criou legiões de desempregados. Realidade perversa que, sob a atual crise econômica, a dogmática neoliberal agora impõe aos povos na Europa e nos Estados Unidos, onde o desemprego e o empobrecimento crescem a taxas inaceitáveis.

Estes dez anos de governos democráticos e populares deixaram para trás essa realidade de injustiças e privilégios para poucos, e pavimentaram o caminho para novos e mais profundos avanços sociais e democráticos. O fim da miséria é apenas o começo, disse Dilma, enfatizando sua consciência da necessidade de persistir neste rumo e de aprofundar as mudanças iniciadas.

O fantasma que assombra a direita e os neoliberais é a multidão dos 40 milhões de brasileiros que foram retirados da pobreza e ascenderam a uma vida de mais dignidade e melhores perspectivas de futuro. Que alternativa a direita tem a oferecer a eles? Voltar para os tempos nefastos em que estiveram no governo?

O objetivo de eleitoralizar o cenário combina-se com outro, também ruim para o tucanato. Falam em comparar os dois períodos – o de Fernando Henrique Cardoso e o de Lula/Dilma. Terão a ousadia de fazer isso com clareza e objetividade? Não é crível que cheguem a tanto e tudo indica que vão continuar na tecla fanhosa do “mensalão” e do falso moralismo sob o qual tentam esconder seus fracassos do passado.

A comparação que precisa ser feita o povo já fez, e o verdadeiro movimento de placas tectônicas ocorrido nas bases da sociedade brasileira desde 2006, rompendo velhas fidelidades conservadoras e clientelistas nos grotões pelo interior a fora e nas periferias das grandes cidades mostra que os brasileiros escolheram o futuro, e não o passado. As votações declinantes dos partidos da direita, como o PSDB, o DEM (ex-PFL) e o PPS são a demonstração mais clara e visível dessa mudança.

“Este é um momento singular da nossa história, uma história de luta de cada trabalhador e trabalhadora deste país”, disse com razão, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo sobre estes dez anos. E concluiu, contra as lamúrias da oposição: “sim, temos muito que comemorar!”