Com a TV, campanha entra em nova fase

Esta terça-feira, dia 15/8, inaugura uma nova etapa na campanha eleitoral de 2006. Com a estréia do Horário Político Eleitoral Gratuito (HPEG) – no rádio e na televisão – estará superada a primeira fase da batalha eleitoral, quando os partidos foram às ruas para dar conhecimento aos eleitores de quem são os seus candidatos. Foi um período de grandes articulações políticas, de viagens, dos primeiros comícios, e de contatos ainda que  superficiais com a população. Agora, com a programação na televisão e no rádio, as coligações terão que explicar melhor suas plataformas. É uma ocasião em que os candidatos e candidatas terão oportunidade de expor seus programas para milhões de brasileiros, sem o crivo editorial das redes de televisão ou dos editores dos jornais e revistas.


 


Na verdade, este chamado Horário Gratuito não tem nada de gratuito. Primeiro porque para os partidos e coligações este material significa importante item nos custos da campanha, especialmente neste ano em que a justiça eleitoral proibiu a utilização de placas de outdoor, camisetas e brindes, além dos showmícios (os comícios com a participação de cantores populares). Desta maneira, os programas do HPEG tornaram-se peças fundamentais no plano de campanha de comunicação das campanhas.


 


É preciso que se destaque o fato de que este horário na TV e no rádio significa um importante mecanismo de democratização do processo eleitoral brasileiro. Se é real que os fatores mais destacados de fraude eleitoral foram superados com a adoção do voto eletrônico, no Brasil de hoje, outros fatores ainda persistem, como o abuso do poder econômico e o controle da comunicação de massa por uma elite poderosíssima. Também a chamada grande mídia joga com um fator que não se pode desprezar, quando edita suas matérias ligadas à campanha eleitoral: a aparente imparcialidade, que agrega legitimidade à sua programação.


 


No Horário Eleitoral, assim, o poder do dinheiro é relativizado, ficando mais evidente, entretanto, na assimetria entre os partidos do aporte de recursos tecnológicos de produção e edição. Em outros países, como nos Estados Unidos, por exemplo, o espaço para que os partidos e candidatos se apresentem na TV precisa ser comprado como se fosse uma propaganda comercial.


 


Diante do resultado desfavorável das últimas pesquisas, nas hostes de Alckmin, seus dirigentes tucano-pefelistas avaliam que com o horário eleitoral “os institutos de pesquisa não poderão mais se enganar”, pois consideram que os pesquisadores estão “ouvindo as pessoas erradas”, como se fosse um problema de amostragem.


 


Em relação ao conteúdo, os publicitários do tucano se vêem ante o desafio de realizar mágica. Como dar credibilidade a promessa de Alckmin de que o Brasil sob uma eventual gestão sua terá um crescimento “com índices chineses”, se nos oitos anos de FHC a economia ficou empacada? Ou persuadir o eleitorado quanto à eficiência do chamado “choque de gestão”, quando, agora, em São Paulo” estoura o “apagão da segurança” e, também, pelo fato de o povo ter vivo na memória “o apagão da energia elétrica”? Ou, ainda, que artimanhas irão utilizar para apresentá-lo como defensor da ética  se quando governador de São Paulo o hoje candidato tucano impediu ilegalmente que a Assembléia Legislativa investigasse inúmeros indícios de corrupção no governo paulista?


 


Quanto ao comando da campanha de reeleição do presidente Lula, a necessidade é que os programas eleitorais procurem mostrar o que efetivamente foi realizado nestes quase quatro anos de governo. A comparação entre as frutíferas realizações do governo Lula e o desastre que foi o reinado de FHC, tem se revelado importante na conquista do voto.


 


Contudo, isso não basta. Numa campanha de reeleição tão ou mais importante do que prestar contas é apresentar ao eleitor a perspectiva, a certeza de que um segundo mandato representará conquistas  maiores. Nesse sentido é imprescindível que aconteça, o mais rápido possível, a divulgação do programa de governo da campanha de reeleição de Lula. Uma plataforma de compromissos com o povo brasileiro que aponte avanços na realização de um projeto nacional que assegure ao país desenvolvimento e distribuição de renda.