Outra fanfarronada do secretário de SP

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, Voltou a tentar estabelecer uma ligação entre o PCC e o PT.  A tentativa foi feita em entrevista ao programa Canal Livre Eleições 2006, da TV Bandeirantes, na noite desta segunda-feira (7), no mesmo momento em que São Paulo assistia a uma nova onda de ataques dos criminosos, que prosseguiu nesta madrugada.



O secretário usa um expediente que acompanha a raça humana desde que os judeus da Antiguidade descreveram, no livro bíblico do Levítico, a cerimônia do bode expiatório. Não podes resolver um problema? Procura um culpado.



Esta foi a terceira onda de ataques atribuidos ao PCC na capital, região metropolitana e interior de São Paulo — as outras ocorreram em maio e julho passados. As autoridades estaduais continuam onde estavam quando o apagão da segurança pública paulista se manifestou. A polícia voltou a atirar a esmo, nas últimas noites, matando seis “suspeitos”. O quadro das penitenciárias estaduais, onde nasceu o PCC e originou-se o problema, permanece substancialmente o mesmo.



Na falta de medidas para debelar ou pelo menos enfrentar o problema com a seriedade que ele reclama, o secretário Abreu Filho apela para a fanfarronada. Ontem, além de acusar o PT, tentou atrair o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) para uma aposta pueril, em torno de uma verba de R$ 100 milhões do Fundo Penitenciário. O ministro respondeu advertindo que  “não se deve transformar a crise da segurança pública paulista em moeda eleitoral”.



“A crise de São Paulo se deve à gestão e à falta de inteligência”, apontou Thomaz Bastos. Todas as evidências indicam que as autoridades do estado não sabem quem decide, quem pratica e como se processam as ondas de violência que amedrontam os paulistas. Já foram três. Cabe indagar quantas ainda vão acontecer antes que se descubra e desmonte o esquema que as produz.