Qana: crime hediondo que exige resposta imediata dos povos

Um prédio de 3 andares situado numa colina de Qana-El-Jalil – que estava servindo de abrigo a refugiados dos ataques de Israel ao sul do Líbano – foi bombardeado de madrugada pela artilharia israelense matando 63 pessoas que lá estavam dormindo, entre elas 32 crianças. Este massacre, o pior crime cometido até agora pela sangrenta ofensiva do Exército de Israel é a culminância de atos bárbaros que já assassinaram mais de 700 pessoas, a esmagadora maioria civis, além dos 500 mil que tiveram que se retirar de suas casas. Sete brasileiros foram mortos, 3 deles também crianças.


 


Este ataque reviveu a lembrança de outro violento crime bárbaro, também cometido pelo Estado terrorista de Israel em 18 de abril de 1996, quando um abrigo da Força Interina das Nações Unidas no Líbano foi bombardeado, deixando 105 mortos. Esta ofensiva foi denominada “Vinhas da Ira” e contou com 600 incursões aéreas, que despejaram 23 mil obuses na mesma região. Na época, um relatório da ONU revelou que o ataque fora deliberado. Dez anos depois, Israel volta ao local do crime anterior para castigar de forma bárbara a população libanesa – povo de um Estado soberano – contra todos os direitos e acordos internacionais.


 


O primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, pediu unidade a todas as correntes de pensamento do Líbano “em face dos criminosos de guerra israelenses”. De pronto, Siniora enviou recado à secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, de que ela não era bem-vinda em Beirute, onde haveria uma reunião para tratar da invasão israelense. No Cairo, capital do Egito, realizou-se uma marcha popular de protesto, exigindo a expulsão do embaixador de Israel do país. O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, uniu-se aos líderes árabes no domingo para denunciar o ataque aéreo israelense, descrevendo-o como um “massacre”,  propondo investigação internacional.


 


O presidente egípcio Hosni Mbarak declarou que “a República Árabe do Egito expressa seu alarme profundo e sua condenação pelo irresponsável bombardeio israelense ao povoado libanês de Qana, que resultou em mortes de inocentes, em sua maioria mulheres e crianças”. “O massacre cometido por Israel em Qana, nesta manhã, mostra a barbárie dessa entidade agressiva”, disse o presidente sírio Bashal Al Assad sobre os acontecimentos deste domingo, completando que “isto constitui terrorismo de Estado cometido diante dos olhos e ouvidos do mundo”. Também o rei da Jordânia, Abdullah, pediu à comunidade internacional que encontre uma saída para a crise. Por sua vez, o  governo da Líbia declarou às agências internacionais que vai buscar o fim da violência através de contatos com os membros do Conselho de Segurança da ONU.


 


Diante da repercussão e da indignação que se espalhou pelo mundo inteiro, foi convocado o Conselho de Segurança da ONU, onde o secretário-geral, Kofi Annan, pediu aos seus membros que condenassem o ataque israelense em Qana e que se fizesse um apelo para um cessar-fogo imediato no Líbano. “Devemos condenar esta ação da forma mais direta possível”, declarou Annan em sessão de emergência convocada pelo CS. Enquanto isso em Beirute, manifestantes invadiram hoje as dependências das Nações Unidas na capital libanesa e abriram fogo em protesto pelo massacre. Annan comentou que o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, lhe comunicou que não estaria mais envolvido em negociações diplomáticas até que fossem detidos os ataques de Israel.


 


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma nota ao primeiro-ministro libanês, repudiando os ataques israelenses ocorridos neste domingo. Na mensagem, Lula também diz que o governo brasileiro apóia o apelo para que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) imponha um cessar-fogo imediato. “Estou profundamente chocado, indignado e consternado” em relação aos ataques israelenses à região, que “vitimaram a população civil, incluindo dezenas de crianças, mulheres e idosos”, diz a mensagem do presidente. A nota acrescenta que o governo brasileiro reitera sua posição de condenar “os atos de violência indiscriminada e o uso de força militar contra alvos civis por quem quer que seja”.


 


A matança ocorrida em Qana também provocou pronta reação de entidades do movimento social e de partidos políticos progressistas. O Partido Comunista do Brasil, por exemplo – por intermédio de seu secretário de relações internacionais, José Reinaldo Carvalho – declarou num texto, divulgado imediatamente após o massacre de Qana, que é preciso transformar a indignação e a revolta em face dessa barbárie em vigorosas manifestações de protesto.


 


O Vermelho, que tem protestado de modo veemente contra a ofensiva covarde e terrorista de Israel, também apela aos seus leitores e de igual modo às forças progressistas e democráticas de nosso país,  para que através de modos e instrumentos variados expressem seu repúdio a essa torpe agressão e manifestem a solidariedade dos brasileiros ao povo árabe-libanês.