Moro nega acesso à prova de cartel em obras do tucano Alckmin

O juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância, negou pedido feito pelo promotor de Justiça de São Paulo Marcelo Milani para compartilhar informações sobre documento com anotações manuscritas encontrado durante ação da Polícia Federal que faz menção a pagamento de propina em obra do governo do tucano Geraldo Alckmin.

Sergio Moro

A referida obra foi feita na rodovia Pedro Eroles (SP-88), conhecida como Mogi-Dutra, que liga os municípios de Arujá e Mogi das Cruzes. O documento apreendido cita a “acomodação de mercado” para favorecer construtoras em licitação para obras da rodovia em 2002.

Ainda de acordo com o manuscrito, foi pago 5% do valor da obra para pessoa identificada como “santo” e também repassado valores para a sigla DER, que segundo os investigadores se trata de pessoas ligadas ao Departamento de Estradas de Rodagem.

O manuscrito detalha o “valor da obra” de R$ 68,7 milhões e a anotação “custos c/ santo= 3.436.500”. Segundo os investigadores, há também a rasura da palavra “apóstolo”, que foi substituída por “santo”.

Na avaliação de Moro, o compartilhamento da prova obtida pela Lava Jato atende ao interesse público. No entanto, o magistrado observa que as investigações locais do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) sobre o material apreendido na Odebrecht está em curso.

Apesar de afirmar que o empréstimo da prova à promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social de São Paulo poderia resultar na abertura de outra investigação, Moro justifica a negação do documento afirmando que poderia prejudicar o resultado final da sua investigação.

O ministro da Justiça de Temer, Alexandre de Moraes, ex-secretário de segurança de Alckmin, se encontrou com o juiz Sérgio Moro no último dia 21. Segundo ele, o encontro foi para tratar do remanejamento de policiais federais para garantir a segurança dos Jogos Olímpicos no Rio.