“Lula livre”: estreitar ou ampliar?

Na agenda das oposições se insere, com destaque, a luta pela liberdade do ex-presidente Lula.

Condenado sem provas através de processo marcado pela subversão das normas processuais e garantias constitucionais, de nítido sentido político-eleitoral, Lula se converteu de fato em preso político.

Assim é reconhecido aqui e por ampla parcela da comunidade internacional.

Lutar pela sua liberdade — objetivo que há de se alcançar pela via política — é, portanto, uma bandeira irrecusável.

Entretanto, tal como se procede em qualquer circunstância, especialmente numa situação tão adversa como é que vivemos hoje no Brasil, há que se ajuntar esse propósito ao conjunto dos outros propósitos alimentados por uma gama de segmentos político-partidários e sociais.

Identificar, no rol das bandeiras empunhadas pelo campo democrático e popular, qual delas tem o dom de unir amplamente o conjunto das forças que se colocam no campo da oposição.

Dito de outro modo, qual a bandeira de luta que, a um só tempo, é a mais ampla e a mais radical no embate contra a extrema direita encastelada no poder. Esta, sem dúvida, é a defesa do Estado democrático de direito, sob a qual pode e deve se abrigar a bandeira “Lula livre”.

Inclusive porque, dentre os muitos segmentos políticos e sociais que tendem a se ajuntar no campo oposicionista, vários ainda não se sentem comprometidos com a batalha pela liberdade do ex-presidente,

Considerar devidamente essa nuance tática na construção de ampla frente democrática não significa, sob hipótese de alguma, arrefecer um milímetro na solidariedade a Lula e na luta pela sua liberdade.

Significa, sim, um gesto de maturidade e consequência política.

Pois isolar a campanha “Lula livre” seria enfraquecê-la, enquanto acomodá-la como parte da plataforma de unidade democrática significa fortalecê-la.

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