Os cem dias de desgoverno Bolsonaro

A presidência de Jair Bolsonaro completou cem dias frustrando seu próprio eleitorado. As promessas não cumpridas e a retórica ideológica anticomunista, que remonta aos tempos da Guerra Fria, causaram a pior avaliação de início de governo, comparando com seus antecessores.

A situação da população se deteriora com o desemprego crescente e a paralisia de uma série de serviços públicos. Enquanto isso, o presidente brinca de governar, consumindo grande parte do capital político que o Brasil construiu ao longo dos anos.

Na política externa, o Brasil conseguiu a façanha de se indispor com os seus principais compradores internacionais. Se estranhou com a China, potência econômica com a qual o Brasil é superavitário, provocou o mundo Árabe com sua visita a Israel e a promessa da mudança da embaixada brasileira para Jerusalém. Até aqui, o que se vê é uma total subserviência aos interesses dos Estados Unidos, como no caso da Venezuela. Bolsonaro conseguiu fazer com que o Brasil ficasse menor perante ao mundo.

No campo da economia, a Reforma da Previdência foi a bandeira principal até aqui. Aposta todas as fichas numa proposta antipopular e que vai prejudicar os mais pobres e beneficiar o setor financista. O Brasil vive uma crise na economia, com mais de 13 milhões de desempregados. A indústria está fechando suas portas e a projeção de crescimento do PIB para 2019 é de apenas 1%. Os estados e os municípios continuam sem respostas sobre como superar a crise econômica. Muitos repasses federais estão congelados, com obras inacabadas e paralisadas recentemente. Essa receita neoliberal de cortar os investimentos em áreas sociais, privatizar setores estratégicos para o nosso desenvolvimento e atacar o sistema de seguridade social não trazem resultados positivos na economia, mas sim aumentam a exclusão social e a pobreza.

Nos primeiros dias de governo, até Sérgio Moro, que é tratado como super-ministro, ficou eclipsado pela sua truculência e total despreparo político e intelectual. Seu pacote anticrime traz uma concepção equivocada do combate à violência, corrobora com a ideia de que a repressão com mais poderes para as polícias é o que combate a criminalidade. Moro vive uma situação inusitada, assumiu o ministério para “combater” a corrupção e agora é ministro de um governo com vários corruptos, começando pelo clã presidencial.

A propagação de conceitos e concepções retrógradas foi outra marca desse início. Ouvimos que o Nazismo é de esquerda, que menino usa azul e menina usa rosa, que não houve Ditadura Militar no Brasil e que o golpe de 64 foi dado para impedir a ameaça dos comunistas. Essas verdadeiras bizarrices políticas vêm para alimentar parte do eleitorado fiel a Bolsonaro. Assim como na guerra, esse campo ideológico e heterodoxo do governo, teve a tarefa de criar fantasmas o tempo todo a serem combatidos para eclipsar os gargalos na economia, na relação com o Congresso Nacional e com os escândalos de corrupção.

Os primeiros cem dias apresentaram a imagem de um presidente fraco, com pouco conhecimento sobre o Brasil e seus desafios estruturais. Um presidente que não passa de um sub produto de um tempo marcado pela pobreza do pensamento, pela ignorância e o pelo que chama de pós-verdade. Um governo que venceu as eleições sem programa, sem proposta, sem debates, apenas na negação irracional da política e do petismo. Passados cem dias, o povo continua na espera da hora em que o governo irá começar.

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