Crise política, plantão permanente

O novo governo – e o país – está em crise política, fruto de múltiplas equações, cada qual com diversas variáveis. As análises disponíveis lidam com isso todo dia. Bolsonaro entrega o ouro do Brasil em sua viagem à Meca, busca mimetizar Trump de modo como sempre tosco, mas de nenhum modo desavisado, ao contrário. Resta ver que ninguém, rigorosamente, defende os escopos e resultados da viagem.

O Partido da Lava Jato ainda busca estar na ofensiva. A prisão de Temer e Moreira Franco não está nos conformes do devido processo legal, segue atentando contra o ordenamento jurídico constitucional e até penal. A Lava Jato julga-se acima do bem e do mal, inimputável. Contam com apoio da “sociedade” ao investir contra a política em geral e os políticos em particular. Moro recebeu uma resposta institucional da Câmara dos Deputados com respeito à tramitação do projeto anti-crime e reagiu. Novas reações ocorrerão nesse embate.

Moro jogou gasolina no fogo também em resposta ao STF e a nova maioria lá formada na última sessão que leva os processos de corrupção e caixa 2 à alçada do TSE. Vésperas também de o STJ apreciar os recursos de Lula e, mais uma vez, o STF se debruçar sobre as prisões após segunda instância – aliás, Temer e Moreira nem em primeira instância foram julgados. A matilha da turba quer levar gente às ruas pelo impeachment dos integrantes do STF (quem sabe, até “fechá-lo”, como já disse o primeiro filho). A operação de prisão de Temer, ex-presidente, vai ao par do evidente declínio de confiança no novo governo, malgrado seu capital político.

A reforma da Previdência é um saco de contradições, no Congresso e até mesmo em setores do governo. Os militares são um problema delicado para o governo nesse quesito. Mas principalmente na sociedade, atingida universalmente pelo projeto que destroça o sistema da previdência e leva ao assistencialismo de sobrevivência básica aos idosos, enquanto promete saciar o sistema financeiro com a mudança de regime para capitalização.

Enfim, são vários fatores comburentes em ação. A questão é que as oposições precisam estar em plantão permanente. As crises se sabem como começam, mas não como terminam. Para isso, precisam agir com sagacidade e amplitude. Sozinhas, deixam de ter peso no jogo institucional envolvido na crise. Mas o fundamental é se unirem em ampla frente cívica em defesa da vida, do passado, presente e futuro de nosso povo, ou seja, contra a Reforma da Previdência que pode capitalizar os descontentamento populares e permitir retomar a confiança da maioria do povo em outro projeto para o país.

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