Luta de longo curso

A aprovação do governo Bolsonaro despenca em 15%, segundo Ibope. Uma recorde de rejeição com apenas dois meses de governo.

Os rastros da visita do presidente e sua comitiva aos Estados Unidos seguem como mote de ridicularizarão do governo brasileiro na cena internacional.

E há como que uma surpresa geral diante da precariedade do presidente e de parte do seu ministério, muito distantes de uma compreensão mínima da dimensão dos postos que ocupam.

Mas não nos enganemos: a ascensão de Bolsonaro à presidência da República, monitorada pelos Estados Unidos e subproduto do golpe jurídico-parlamentar que afastou a presidenta Dilma dois anos antes, configura o início de um novo ciclo retrógrado, tendo como fio condutor a tentativa de impor à nação, a ferro e fogo, uma agenda econômica ultra liberal, em contraste direto com as aspirações e necessidades da maioria da população.

Essa agenda não se viabiliza através do jogo democrático convencional. Necessita da interdição, inclusive pela via jurídica, dos movimentos sociais, dos partidos democráticos e do exercício crítico da intelectualidade progressista.

Demanda, portando, uma oposição unida e consequente, movida por descortino estratégico.

Mas no meio do caminho há muitas pedras, sobretudo de caráter subjetivo.

Predomina na esquerda uma visão simplista de que o resultado do pleito presidencial foi um acidente de percurso, na esteira da descrença geral na política e nos partidos e da manipulação das redes sociais.

E, senso assim, o atual governo não teria futuro, estaria fadado a inevitável fracasso e, por conseguinte, uma vitória da oposição no próximo pleito viabilizaria a retomada do ciclo progressista.

Nesse contexto, pela pressão popular e pela solidariedade internacional, Lula seria libertado e, pelo voto da maioria nos braços do povo, voltaria ao governo central.

Nada mais simplório e inconsequente.

É preciso sim, sem vacilações, resistir ao atual governo tanto através da chamada grande política – no Parlamento principalmente – e também pela base da sociedade.
Identificar em cada segmento social o mote próprio da resistência e conectá-lo com a defesa da democracia sob ameaça.

Em cada lugar e em todas as frentes de luta, unir forças em favor uma ampla frente democrática capaz de lograr o êxito desejado.

De outro modo, pelo caminho da disputa hegemonista e fratricida entre as correntes de esquerda chegaremos a lugar nenhum.

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