E o que eu penso da Venezuela?

O que eu penso acerca da crise da Venezuela é que compete exclusivamente ao seu povo decidir o seu próprio destino, sem tutores e muito menos invasores de qualquer parte do mundo a lhes dizer ou tentar impor o que acham melhor para a Venezuela.

É lamentável que o governo brasileiro se preste a ser marionete dos Estados Unidos nessa cruzada contra a pátria de Simon Bolívar. O único objetivo dos EUA é se apropriar dos recursos naturais da Venezuela, especialmente da maior reserva de petróleo do planeta.

E chega a ser grotesco o governo de Bolsonaro reconhecer o autoproclamado “novo governo da Venezuela” de Juan Gaidó, um gaiato que agora resolveu “tomar posse” no cargo de presidente, numa manifestação em praça pública, sem ter tido sequer um voto. Segue o velho e manjado roteiro da CIA na sua criminosa política de desestabilização de governos ao redor do planeta.

O roteiro básico da CIA para desestabilizar governos e se apropriar dos recursos naturais dos países ocupados é sempre o mesmo: estabelecem o caos econômico, desgastam o mandatário de plantão, mobilizam uma parcela das camadas médias e dos meios de comunicação, articulam “apoios” internacionais e escalam um ventríloquo local para executar esse roteiro, geralmente alguém sem qualquer sentimento patriótico.

O passo seguinte é o “reconhecimento oficial” do governo fantoche e o recrudescimento contra o governo legítimo a quem, invariavelmente, eles atribuem todas as mazelas, reais ou imaginárias, mesmo que essas mazelas tenham sido produzidas por eles próprios.

Nenhum patriota que tenha compromisso com a liberdade pode ficar omisso diante de mais esse assalto contra a soberania de um país irmão. Cabe ao povo da Venezuela e a mais ninguém resolver os seus próprios problemas.

De nossa parte, da parte brasileira, temos que exigir que o Brasil continue honrando os preceitos fundamentais de nossa diplomacia, baseada no princípio da autodeterminação e da não interferência em assuntos internos de qualquer nação, independentemente da doutrina que o outro sustente e se oriente.

A Venezuela, dentro do mosaico sul-americano, representa quase uma exceção. Ostenta um histórico de “longevidade democrática” em contraposição ao histórico de ditaduras militares, que sempre foi o principal instrumento utilizado pelo império americano para controlar os países do continente e, por decorrência, seus recursos naturais.

Mas tem um agravante. A sua classe dominante, no fundamental, sempre teve uma relação promíscua com os Estados Unidos da América, a quem serviram acriticamente por todo o sempre.

Desde a posse de Hugo Chaves e, posteriormente, de Nicolas Maduro, essa relação passou a ser executada noutro patamar. Vem sendo executada com absoluto respeito aos acordos

e contratos comerciais celebrados e firmados, mas sem a vassalagem histórica que sempre caracterizou os governos anteriores da Venezuela, o que explica a atual cruzada contra o governo de Nicolas Maduro.

Nem o mais incauto dos analistas de fato acredita na defesa dos “valores democráticos” com que a propaganda da CIA e de seus asseclas procuram justificar sua intervenção na Venezuela. Trata-se, ao contrário, de mais um golpe contra a democracia e a soberania das nações latino americanas.

Razão pela qual compete aos patriotas do mundo inteiro se levantar contra mais esse arbítrio levado a cabo pelos Estados Unidos e, dessa feita, com o ostensivo apoio do governo brasileiro, em flagrante contradição com o histórico de nossa política externa.

Jamais poderemos deixar de ter presente que quando não se reage ao arbítrio em algum momento todos nós seremos vítima de novos e mais tenebrosos arbítrios. Não podemos assistir passivamente a mais essa ofensiva contra o povo da Venezuela, assim como eles tem feito mundo afora. No Iraque, por exemplo, o pretexto era eliminar as “armas químicas” de Saddam Hussein, as quais nunca apareceram pelo simples fato de que nunca existiram.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor