Das fronteiras de ser de esquerda: Lula livre!

Há uma tradição na esquerda que, mesmo suscetível a controvérsias e à acusação de “stalinismo”, tem valor atual, tanto quanto a cor vermelha dos partidos que compõem este campo político.

 Refiro-me ao apego a certos princípios, como a defesa da democracia, do progresso social, da soberania nacional, do internacionalismo, do socialismo, do repúdio às ditaduras, da indignação perante as injustiças, discriminações e violações da ética revolucionária. Em torno deles, formam-se convicções e consensos invioláveis, e estabelecem-se fronteiras intransponíveis.

Podem ser submetidas à crítica, avaliações e balanços as táticas eleitorais e as experiências de governo, terreno controvertido no qual sempre será possível discutir a conduta das forças políticas hegemônicas e de suas lideranças.

Mas nenhuma crítica honesta e avaliação rigorosa são compatíveis com a adesão ao lavajatismo, ao ponto de tornar uma força política pretensamente de esquerda, ou “nacionalista”, ou adepta de um de um mais que duvidoso “marxismo-leninismo”, num agrupamento a serviço da direita mais cavernícula, aliada ao golpe e apoiadora histriônica da prisão de Lula.

O nacionalismo, na época do imperialismo, nunca foi a associação dos interesses nacionais a uma burguesia nacional retrógrada. A “defesa” do “marxismo-leninismo” jamais foi a identidade com a ética prevalecente na nova época dos golpes parlamentares, judiciários e midiáticos. Fosse assim, a esquerda estaria condenada ao destino de algumas formações políticas que inescrupulosamente atacam Lula, Ortega, Maduro e outras lideranças e dinâmicas revolucionárias.

Tudo isso pode parecer demasiado abstrato na falta de exemplos concretos que a ética e a disciplina do articulista ordenam preservar.

Mas vale como preâmbulo e como justificativa de voto para um repúdio público e indignado a manifestações de lavajatismo por parte de forças políticas que, apresentando-se como de esquerda são de jure e de facto direitistas.

A perseguição ao Presidente Lula é inaceitável. Sua defesa por forças que se arrogam de esquerda, intolerável, o que me faz considerar, mesmo sob o risco de parecer antiquado, que tais manifestações violam não apenas os princípios gerais e difusos da esquerda, mas também as normas políticas, ideológicas e organizativas de partidos que se regem pela máxima da unidade política, ideológica e orgânica, que não admite tendências nem frações.

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