Essência & Aparência do governo Moro-Bolsonaro

Alguns ganham eleições travestidos do que nunca foram e, às vezes, se leva meses, mesmo anos, para que se perceba a farsa da qual se foi vítima. O futuro governo Moro-Bolsonaro, nem precisou tomar posse para que suas contradições fossem escancaradas.

Aparência

Embora estejam interligadas, como de resto estão todos os demais fenômenos naturais e sociais, Essência & Aparência são categorias filosóficas distintas. Enquanto essência representa o conteúdo real de um determinado fenômeno, a aparência expressa apenas à forma como tal fenômeno será executado, ou como o eventual operador deseja que a sociedade assim perceba.

A aparência do novo governo é a expressão não da velha, mas da velhíssima política, simbolizada pelo mais odioso “toma lá dar cá”, cujo simbolismo está materializado na indicação do juiz Sergio Moro para Ministro da Justiça.

Quem ainda tenta questionar essa assertiva o faz não por dúvidas quanto a sua parcialidade, mas sim porque, na essência, sempre concordou com os seus métodos e, principalmente, com seu objetivo maior: tirar Lula da disputa e facilitar o trabalho da direita e ou da extrema direita, como acabou acontecendo.

A declaração do próprio presidente eleito de que a situação de Sergio Moro lhe fez crescer politicamente, não deixa dúvidas quanto ao caráter parcial, seletivo, cuidadosamente medido, de cada uma das investidas de Moro contra Lula.

Essa velhíssima política é expressa pela retórica de fusão de ministério sob a demagógica promessa de redução de custos, quando se sabe que as funções dos ministérios e seu corpo operacional, sejam onde estiverem e com o apelido que o governante de plantão queira lhe dar, vão continuar existindo e executando suas funções, logo não há como se falar de redução de despesas, salvo do salário de um ou outro ministro o que, convenhamos, é apenas simbólico. Ademais, não tem novidade alguma. Collor fez a mesma coisa. Reduziu a 12 ministérios. Ninguém tem saudades!

A fusão tanto é aparência que ele próprio já declarou que não está decidido. Agricultura e Meio Ambiente tem prioridades conflitantes, assim como controle orçamentário (Fazenda) e política de incentivos fiscais (MIDC), o que explica por si mesmo a incongruência da ideia, lançadas apenas para despistar do debate central e iludir a população, insisto, com a falsa ideia de redução de custos.

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