Vencer é possível
Qualquer que seja o resultado do pleito presidencial, a alternativa preferencial do núcleo hegemônico da elite dominante — o rentismo e o complexo midiático — terá fracassado.
Publicado 04/10/2018 11:23
Fracasso em dois tempos.
Na fase pré-eleitoral, concomitantemente com o avanço da tentativa de desmonte do sistema político através da Operação Leva Jato, se buscou um outsider que empolgasse os incautos e viabilizasse uma candidatura presidencial ultraliberal, mas disfarçada de um “novo” capaz de superar a crise e vencer a corrupção.
Sucessivas sondagens e experimentos midiáticos foram feitos em torno de figuras como a do apresentador de TV Luciano Huck.
Fracassaram.
Depois, quando do registro das candidaturas, afrouxaram as rédeas e em nome do mercado se colocaram Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, Álvaro Dias e João Almoedo, com Marina Silva de quebra.
Provido de alianças partidárias, tempo de TV e maior volume de recursos financeiros, Geraldo Alckmin se converteria na bola da vez, recauchutado como opção “centrista”.
Como contrapeso, a suposição de que Ciro Gomes isolado não teria fôlego competitivo e que a inviabilização judicial da candidatura de Lula não resultaria — pelo desgaste acumulado do PT — num substituto capaz de absorver parte considerável das intenções de voto no ex-presidente, majoritárias em todas as pesquisas.
Ao final do primeiro turno, a realidade contraria essas expectativas. É quase certo um segundo turno entre o capitão Bolsonaro versus Fernando Haddad.
No dizer de uma frustrada colunista do ‘Estadão’, “embora o discurso por uma nova candidatura contra o radicalismo de Bolsonaro e do PT tenha até provocado algum zum zum zum nas redes sociais, os números do Ibope não oferecem muitas esperanças. Ciro Gomes tem apenas 10%. E Geraldo Alckmin, cada vez mais cristianizado pelos aliados, não passa de 7%. O jogo, agora, parece cada vez mais ter ficado apenas entre Bolsonaro e Haddad.”
Daí a aproximação do rentismo e da mídia hegemônica com a candidatura do capitão de extrema direita – variante da proposta ultraliberal -, na tentativa de evitar o que para eles seria o mal maior, a vitória de Haddad.
Duas questões de fundo se sobressaem: uma tremenda subestimação da capacidade de discernimento do eleitorado; e a falsa suposição de que agenda neoliberal possa ser facilmente camuflada e empolgar a maioria dos eleitores.
Isto posto, para o campo popular e progressista impõe-se agora uma mescla de firmeza de propósitos com amplitude e largueza tática.
Fernando Haddad no segundo turno, não se deve abrir mão do núcleo essencial do programa, porém é preciso estabelecer acordos não apenas com os apoiadores de Ciro Gomes, mas também com segmentos situados no centro político democraticamente acessível.
Assim, a vitória é uma possibilidade.