Decisão do TSE exige vigorosa campanha por Lula

A sentença do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, interditando-o de candidatar-se à Presidência da República no Brasil, é mais um fato escandaloso a despir aos olhos estupefactos do mundo, para a vergonha nacional, o caráter retrógrado das instituições que imperam hoje no Brasil.

A conduta ditatorial dessas instituições levando adiante uma inominável perseguição política ao maior líder popular da História do país faz parte do fio de acontecimentos de um golpe político, parlamentar e midiático, erradamente chamado de golpe brando, à imagem e semelhança, ressalvadas formas peculiares, do que ocorre em toda a região da América Latina e Caribe.

Vivemos hoje os efeitos de uma multifacética ofensiva reacionária, conservadora e restauradora neoliberal, fruto de interesses convergentes e de esforços combinados entre as elites mundiais do sistema imperialista, do governo dos Estados Unidos como seu núcleo hegemônico, e das classes dominantes a ele aliadas da região.

A prisão de Lula e agora o impedimento de que seja candidato à Presidência da República no Brasil é uma etapa culminante da série de golpes perpetrados pelo imperialismo e as oligarquias locais desde o golpe contra Zelaya, em Honduras (2009); o golpe parlamentar contra Fernando Lugo, no Paraguai (2012); o impeachment contra Dilma Rousseff no Brasil (2016), e as vitórias eleitorais da direita fabricadas na Argentina, no Chile, Paraguai e Colômbia. A exceção é o México, onde venceu uma corrente patriótica, o que pode representar um ponto de inflexão da conjuntura política latino-americana.

No Brasil, um torquemada travestido de juiz liberal, pretenso intelectual e reformador orgânico da direita, persegue Lula, o PT e o conjunto da esquerda, considerando-se vocacionado a promover a refundação da República. Posiciona-se na vanguarda de uma operação de desqualificação da política democrática e progressista, confundida, em seu linguajar empolado e postura teatral, com as abomináveis práticas de políticos carcomidos das classes dominantes, ultrapassados, alvos fáceis de críticas a práticas que supostamente justificariam a terra arrasada da vida política.

Ao tempo em que fazem isto, os setores golpistas alentam objetivamente a ação do neofascismo brasileiro, a fim de forjar uma polarização deste com a direita pretensamente republicana e centrista, representada pelo candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, numa ação retroalimentadora que chega ao ponto de um ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, explicitar a estratégia do antipetismo para forçar um segundo turno entre o ex-governador paulista e Bolsonaro.

Esta manobra não deixa de ser mais uma movimentação no sentido de favorecer os planos da direita e radicalizar o discurso antipetista e anti-esquerda, considerando, segundo as palavras de Fernando Henrique Cardoso, que o PT hoje está mais “intransigente” e “hegemônico” do que antes. Nesta crítica reside a reação das classes dominantes referenciadas no PSDB de FHC e Alckmin ao grande e virtuoso giro estratégico e tático do PT para a esquerda a partir do golpe que depôs a presidenta Dilma.

O postulado de FHC é uma manobra estratégica e tática voltada para impedir o credenciamento nas urnas de 2018 de uma alternativa antineoliberal, democrática, progressista e popular, a favor do Brasil, de seu povo e demais povos latino-americanos e caribenhos. Ele preconiza a polarização Bolsonaro versus PSDB.

Não pode a esquerda brasileira cair no derrotismo e resignação. A polarização é outra: Lula versus quem vier do lado de lá representando a direita.

É sintomático que enquanto isto ocorre no Brasil, estão em pleno vapor as campanhas para derrocar o governo sandinista nicaraguense, o bolivariano na Venezuela, intensifica-se o bloqueio a Cuba e apareçam os sinais do combate para derrocar o governo popular de Evo Morales na Bolívia.

A vitória das forças progressistas e de esquerda no Brasil em 2018 é condição sine-qua-non para que a América Latina siga em pé de luta e mantenha através da Celac – Comunidade de Estados Latinoi-Americanos e Caribenhos – a decisão de atuar com sentido unitário e integrador.

Isto implica o apoio do conjunto das forças de esquerda brasileiras à decisão do Partido dos Trabalhadores de lutar “contra a cassação política, com Lula até o fim”, e do Partido Comunista do Brasil, que condenou a decisão do TSE de impugnar Lula como uma “afronta à democracia” e conclamou o povo brasileiro a dar “a essa violência contra a democracia” uma resposta, que é a “vigorosa campanha eleitoral para eleger, em 7 de outubro, a chapa presidencial liderada por Lula, com ele candidato ou não”.

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