Mais na mídia do que nas ruas

Enfim, a campanha eletrônica consolida sua primazia em relação à mobilização de rua. Do chamado horário gratuito às entrevistas, sabatinas e debates na TV e no rádio, incluindo repercussão através das redes sociais, trava-se intenso embate em toda parte.

Em âmbito nacional e nos estados.

Já não são as grandes manifestações públicas — passeatas, comícios — que dão tom da campanha eleitoral.

A campanha à reeleição do governador Flávio Dino, do Maranhão, ainda é uma das poucas exceções.

A presença dos candidatos nas ruas serve principalmente para produzir imagens que possam ter ressonância e aderência quando difundidas através das diversas mídias.

Numa campanha de tempo encurtado em relação aos pleitos passados, vale tudo para fixar a imagem dos candidatos e ideias força sobre o que propõem realizar, uma vez eleitos presidente ou governador.

Porém no meio do caminho há empecilhos que concorrem menos para esclarecer e mais para confundir. Ou, no mínimo, para manter o debate num nível superficial, insatisfatório.

Talvez o exemplo mais emblemático esteja nas entrevistas de 30 minutos, com candidatos à presidência da República, realizadas pelos apresentadores do Jornal Nacional, da Rede Globo.

Embora abordem questões relevantes — saída para a crise fiscal, enfrentamento do desemprego e da violência criminal ou mesmo a posição em relação a questões hoje epidérmicas na sociedade brasileira, a igualdade e a identidade de gênero, por exemplo —, repete-se o cortejo de “pegadinhas“ destinadas a constranger o entrevistado. Isso em detrimento da explicitação de ideias programáticas.

Nos debates na TV e no rádio já realizados, envolvendo candidatos à presidência e a governador, as regras muito rígidas e a imposição de tempo excessivamente curto para respostas dos candidatos os constrangem à tentativa de deixar apenas boa impressão, através de frases de efeito ou de um gesto mais agressivo.

De toda forma, a exposição midiática do embate eleitoral, com todas essas limitações, rapidamente reduzirá em muito o fastio de expressiva parcela do eleitorado em relação às eleições.

A maioria votará sim, pois há uma percepção difusa e algo imprecisa por parte da maioria da população de que, apesar de todas as frustrações, será através do voto que a situação poderá mudar.

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